Supersônicas

Um malandro em Paris

Tasky garimpa o samba francês

sexta, 26 de maio de 2017

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Cantor e compositor belga radicado há 25 anos no Brasil, Michel Tasky, quase sem sotaque, promove uma saborosa antologia do que o crítico Hugo Sukman chama no encarte de “samba francês”. Em “Um malandro em Paris” (Tratore) ele mostra que o subgênero é fértil e de largo espectro.

A começar pelo sucesso da ancestral rainha do teatro de revista, Aracy Cortes, “Tem francesa no morro”, da lavra de Assis Valente, de 1932. “Si vous frequentez macumbe/ entrez na virada e fini pour sambá/ danse Ioiô, danse Iaiá”, diz a letra em “franguês” macarrônico.

Uma das cantoras favoritas de Noel Rosa, a também compositora Marília Batista, escreveu com o irmão Henrique, “Menina fricote” gravada pela outra eleita do poeta da Vila Isabel, Aracy de Almeida, em 1940. A sátira é impiedosa: “só quer l’argent, l’argent toujours, ela não sabe nem ler/ e já quer gastar o francês”.

Em parcerias com o locutor Blota Junior, o campineiro artífice do samba-boogie Denis Brean mandou “La vie em samba” (lançada por Dircinha Batista, em 1950) e “Um malandro em Paris”, que Tasky pescou para o título: “Quem neste mundo não quer la vie em rose? / sombra e água fresca e quelque chose”.

Há ainda o poliglota Nei Lopes, na matreira “Madame Roquefort”, com Rogério Rossini, (“sua garçonnière tem bufê, étagère e um lindo sommier”), Chico Buarque (com Francis Hime) na “Canção do Pedroca” (“Cascadura é Rive Gauche, o Mangue é Champs-Elysées”) e Mauricio Carrilho (com Vidal Assis) em “Partiu” (“a moça riu-se em francês/ pra frustação de moi”).

Além de trafegar por estes hibridismos com desenvoltura, Tasky também assina suas composições na mesma linha. De “Não vai dar” e “Rio, eu te amo” ao “Jongo da liberdade”, que aproxima o 13 de maio, dos escravos brasileiros, à divisa francesa, liberté, egalité et fraternité.

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