Supersônicas

A diversidade militante de “Campos neutrais” de Vitor Ramil

por Tárik de Souza

quinta, 16 de novembro de 2017

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O tratado de Santo Ildefonso, de 1777, delimitava uma zona neutra entre os reinos de Portugal e Espanha, que disputavam o domínio da América Meridional. 240 anos depois, um gaúcho, o compositor Vitor Ramil, criador da “estética do frio”, denomina “Campos neutrais” seu novo álbum. Trata-se de alusão a essas áreas do Rio Grande do Sul, que não pertenciam a nenhum dos dois colonizadores e “no imaginário contemporâneo ficaram associadas às idéias de liberdade, diversidade humana e linguística, miscigenação e criatividade”.

Imbuído dessa atmosfera revolucionária, Vitor gravou 15 inéditas, oito só dele e cinco em parcerias com Chico Cesar (“Olho d’água, água d´olho”), Zeca Baleiro (“Labirinto”), Angélica Freitas (“Stradivarius”), o poeta português António Botto  (“Se eu fosse alguém – Cantiga”) e o poeta paraense Joãozinho Gomes (“Contraposto”). Também há versões de Bob Dylan (“Ana /Sara”) e o galego Xöel Lopez (“Terra/ Tierra”).

Pela primeira vez, Ramil gravou um álbum no Sul do BrasilMARCELO SOARES/DIVULGAÇÃO/JC - Jornal do Comércio 

O violão e voz de Vitor são escoltados pela percussão do argentino Santiago Vasquez, os metais do Quinteto Porto Alegre (Elieser Fernandes Ribeiro e Tiago Linck, trompetes, Nadabe Tomás, trompa, José Milton Vieira, trombone e Wilthon Matos, tuba) sob arranjos de Vagner Cunha, e participações eventuais de Zeca Baleiro, Chico Cesar, Gutcha (vocais), Carlos Moscardini (violão) e Felipe Zancanaro (guitarras elétricas). É o primeiro disco portoalegrense do irmão mais novo da dupla Kleiton & Kledir Ramil, que grafa o nome de Pelotas, a cidade natal do trio, ao contrário (como se ouve em “Satolep Fields forever”, evocação da beatle “Strawberry Fields forever”). As gravações e mixagens foram pilotadas por Moogie Canazio, que finalizou o trabalho em Los Angeles, EUA.

Também foi lançado simultaneamente o songbook “Campos neutrais”, com transcrições em partituras e tablaturas do repertório. São pepitas requintadas, que trafegam do samba à milonga e a valsa, da canção folk ao baião e os ecos do marabaixo de Macapá, numa escala sem fronteiras, como prega “Palavra desordem”: “Inaugurem formas de ser/ sejam um começo sem fim/ façam a revolução/ movam, desalinhem, desencaixem/ mostrem do todo a parte/ alegria e desastre/ juntos num estandarte”. 


Fonte da Imagem: http://bit.ly/2zLwl7i 


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