Supersônicas

A “Bossa nossa” longeva de Fred Falcão por Leny Andrade

terça, 08 de maio de 2018

Compartilhar:

A trajetória musical do compositor pernambucano radicado no Rio, Fred Falcão, pode ser contada em três etapas. A primeira, da pré-bossa nova, em que ele empunhava, aos 15 anos, um acordeon (como João Donato) e tocava num quarteto com Durval Ferreira (violão), Mauricio Einhorn (gaita) e Luiz Marinho (baixo), no Hotel América, em Laranjeiras. Já ao piano, em 1955, fundou outro quarteto, com Raul de Souza (então Raulzinho) no trombone de válvula, que se apresentava no mitológico Copa Golfe, no Posto Seis, em Copacabana, revezando-se com o Modern Jazz Combo, do futuro bossanovista fundador, Oscar Castro Neves e seus irmãos. Então conhecido por Fred Bebop, por sua adoração pelo trio de jazzistas do movimento, Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Art Blakey, ele ainda emplacou sua “Vem cá, menina”, no disco “Passaporte”, de 1966, um dos últimos do conjunto vocal Os Cariocas na bossa nova. A segunda fase de Falcão floresceu na época dos festivais e das novelas, quando projetou- se respectivamente via “Namorada”, no V Festival Internacional da Canção, pelo casal Antonio Marcos e Vanusa; “Lourinha”, na voz de Wanderléa, acompanhada pela bandinha de Altamiro Carrilho (VI FIC) e através de “Shirley Sexy”(ambas com Arnoldo Medeiros), debute da cantriz Marília Pêra, na trilha da novela “O Cafona”, da TV Globo.

Advogado por profissão, só aposentado, FF iniciaria a terceira fase – a mais consistente – de sua carreira, agora como compositor militante e eventual cantor, nos discos “Voando na canção” (2011),Nas asas dos bordões (2014) e Premonições, com Clarisse Grova, em 2015. Em mais uma façanha do compositor com os parceiros letristas Carlos Costa, Arnoldo Medeiros, Lysias Ênio, Ed Wilson e Nelson Wellington, acaba de ser lançado o CD Bossa nossa – Leny Andrade canta Fred Falcão (Biscoito Fino). A despeito do título, o cardápio não se restringe ao movimento musical que em 2018 completa 60 anos. Há desde bolero nostálgico (“Instantâneos”), e dilacerado (“Motivo pra vida”), a baião, (“Promessa temporã”), canções rasga-coração (“Inútil resistir”, “Janela aberta”) e até uma “Valsa de Ipanema”, que Leny vadeia com sua emissão samba jazz. Mas a bossa e seus artífices são os grandes homenageados do disco. De João Donato (“Alô Donato”) e Tom Jobim (“Tons de Ipanema”) a mais astros, na faixa título:Carlos Lyra, Menescal/ Tom Jobim genial/ tanto o rap quanto o rock/ nada me causou mais choque/ que a batida de violão/ sem igual do João”.


Fonte da imagem: Facebook | Divulgação, Capa do álbum "Bossa Nova: Leny Andrade Canta Fred Falcão"


Comentários

Divulgue seu lançamento