A carreira
Capítulo II da série especial JACOB DO BANDOLIM 100 anos
Ao tomar a decisão que o bandolim "era o seu negócio" e nele se concentrar, Jacob, nesse momento, iniciava a sua carreira radiofônica. Segundo ele, sem pretensões profissionais, se inscreveu e venceu, em 27 de maio de 1934, o Programa dos Novos, na Rádio Guanabara, organizado pelo jornal O Radical, derrotando 28 concorrentes e recebendo nota máxima de um júri composto, dentre outros por Orestes Barbosa, Francisco Alves e Benedito Lacerda.
O sucesso foi tanto que Jacob foi contratado pela rádio, passando a se revezar com o grupo do famoso flautista Benedito Lacerda, o Gente do Morro, no acompanhamento dos principais artistas da época, dentre eles, Noel Rosa, Augusto Calheiros, Ataulfo Alves, Carlos Galhardo, Lamartine Babo. Em conseqüência, seu grupo, que era formado por Osmar Menezes e Valério Farias "Roxinho" nos violões, Carlos Gil no cavaquinho, Manoel Gil no pandeiro e Natalino Gil no ritmo, passou a se chamar “Jacob e sua gente”.
A partir dai, tornou-se habitue das ondas radiofônicas, ganhando cachês e se apresentando em praticamente todas as estações de Rádio: Cajuti, Fluminense, Transmissora (atual Rádio Globo), Mayrink Veiga, onde atuava no famoso Programa do Casé e Rádio Ipanema, que posteriormente se tornou Radio Mauá e onde Jacob ganhou um programa só seu. Sua atividade era tal que chegou a tocar varias vezes, num mesmo dia, nas Rádios Educadora (nas 3 sedes, nas ruas 1º de Março, Senador Dantas e Marques de Valença), Rádio Clube do Brasil e Rádio Sociedade, que ficavam próximas, no Centro do Rio.
De 1955 a 1959, foi contratado pela Rádio Nacional onde se apresentava com o Regional de César Moreno, composto por Arthur Duarte (violão sete cordas), César Moreno (violão de seis cordas), Índio (cavaquinho) e Luna (pandeiro). Retornou anos depois, quando marcou época com o programa "Jacob do Bandolim e seus Discos de Ouro", que ficou em cartaz até o seu falecimento, sendo que o último programa, gravado na véspera, não chegou a ir ao ar.
Em 11 de maio de 1940, Jacob se casou com Adylia Freitas, sua grande companheira para toda a vida. Em 03 de fevereiro de 1941, nasceu Sergio Freitas Bittencourt, que se tornaria compositor e jornalista, tendo atuado como jurado, por vários anos, no Programa Flávio Cavalcanti, e em, 08 de abril de 1942, chegou Elena Freitas Bittencourt, que Jacob adorava, sendo um verdadeiro pai-coruja e que se tornou cirurgiã-dentista. Elena se tornaria mais tarde, presidente do Instituto Jacob do Bandolim.
Os primeiros anos foram difíceis, pois os cachês de rádio, que antes lhe garantiam o ganha pão, não eram suficientes para o sustento do casal e filhos. Foi quando se revelou a profunda amizade e o apoio do violonista e histórico compositor Ernesto dos Santos - o Donga - e de sua esposa a cantora Zaira de Oliveira pelo casal Bittencourt. Apoio pessoal e material que veio em boa hora, pois, segundo Elena, D. Adylia costumava comentar que "...eles mataram nossa fome algumas vezes...".
Mais experiente e conhecedor das dificuldades da profissão, Donga convenceu Jacob a prestar concurso público, ideia que o bandolinista abraçou, pois sempre pretendeu alcançar uma estabilidade que lhe permitisse realizar seus saraus e desenvolver sua arte sem ser obrigado a acompanhar cantores e calouros eternamente, isso somado ao temor de perder sua independência em virtude das pressões das gravadoras e dessa forma, por não querer fazer concessões à industria fonográfica, JACOB prestou concurso, sendo nomeado Escrevente Juramentado da Justiça do Rio de Janeiro, mas continuou tocando bandolim, cada vez mais.
Este é o segundo de 10 artigos sobre a vida e carreira de Jacob do Bandolim, um dos maiores nomes da memória musical brasileira. No próximo contaremos sobre as suas Época de Ouro. Enquanto isso, não perca um capítulo destes incríveis fatos notáveis! Clique nos links abaixo e navegue por esta série especial:
Capítulo 1 - O Aprendizado
Capítulo 2 - A Carreira (lendo agora)
Capítulo 3 - As gravações
Capítulo 4 - Suíte Retratos
Capítulo 5 - A televisão
Capítulo 6 - O Época de Ouro
Capítulo 7 - Os Saraus
Capítulo 8 - O arquivo de Jacob
Capítulo 9 - Um coração rasgado pela emoção
Capítulo 10 - Jacob através do tempo
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