Supersônicas

A vez da voz múltipla de Xenia

por Tárik de Souza

sexta, 01 de dezembro de 2017

Compartilhar:

Baiana radicada em São Paulo, a exuberante Xenia França integra a banda Aláfia, após um inicio como cantora da noite paulistana, em 2007, a bordo de sambas e clássicos da MPB. E agora lança o solo “Xenia” (Natura Musical) onde abre comportas em direções diversas como música eletrônica, jazz, samba reggae, rock, rhythm & blues, com a afro-MPB de permeio. Outra presença insinuante é o bata, tambor sagrado cubano, que pontua passagens do disco, gravado nos estúdios paulistas RedBull Station, Carbono, El Rocha e Caso Raro, sob a produção dos craques Lourenço Rebetez e Pipo Pegoraro, e posterior mixagem de Russell Elevado (Dragon Mix Studios – NY) e masterização de David Darlington (Bass Hit Recording – NY).

Compositora de caligrafia própria ela divide com Lucas Cirillo a autoria da contundente “Pra que me chamas?”: ”Não fecha a conta/ a cota é pouca/ o corte é fundo/ e quem estanca/ a chaga, o choque/ do 3º. Mundo?”.

“Cada faixa escolhida tem um valor extremamente importante. Elas me auto representam. Levam meu olhar para esse caminho de aprendizado, orgulho, autoconhecimento e gratidão. É sobre como me sinto agora, mas a partir de toda a minha trajetória desde que sai da Bahia. É sobre intimidade comigo mesma, dores, questionamentos e inquietações. É sobre ancestralidade, respeito, amor, cura e fé. É sobre ser mulher. Mulher negra”, enfatiza a autora de duas pérolas de lirismo dolorido, “Miragem (Sem razão)” e “Perfeita pra você” (“eu sou a tua, nua e crua/ilusão/ eu sou teu colo/ sentinela coração/ eu sou feitiço, artifício/ perdição”).

Também há composições de Chico Cesar (“Respeitem os meus cabelos, brancos”), Tiganá Santana (“Do alto”), Luísa Maita (“Destino”), Theodoro Nagô (“Preta Yayá”), Lucas Cirillo, “Breu”, a única em inglês, “Reach the stars”, e até o pop samba da veterana dupla baiana Antonio Carlos e Jocafi (“Tereza Guerreira”). Em “Interlúdio-Garganta” (Roberta Estrela D’Alva) Xenia canta/fala com a emissão que vai da carícia à aspereza: “Quando eu quero falar eu grito/ quando quero gritar eu falo/ o resultado? /Calo/ camadas e camadas de medo e amor recolhido”.

Comentários

Divulgue seu lançamento