Amelinha celebra o mito conterrâneo Belchior
por Tárik de Souza
Gravado no estúdio Canto da Coruja, em Piracaia, interior de SP, entre 14 e 17 de agosto passado, acaba de desembarcar o novo disco da cantora Amelinha, “De primeira grandeza – as canções de Belchior” (Deck), produção de Thiago Marques Luiz, que trabalhou com ela no anterior “Janelas do Brasil” (2012). Conterrânea (ela de Fortaleza, ele de Sobral) e contemporânea, do mítico Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, expoente do Pessoal do Ceará, falecido em abril passado, aos 70 anos, Amélia Claudia Garcia Collares registrou a homenagem com um grupo instrumental enxuto. Apenas Fabá Jimenez (guitarra e violão), Ricardo Prado, (teclados, baixo, sanfona), Caio Lopes (bateria) e Estevan Sincovitz (guitarra, violões e baixo), o diretor musical do álbum.
Com um tratamento enevoado, o repertório escolhido equilibrou-se entre as consagradas (“Paralelas”, “Mucuripe”, “A palo seco”, “Alucinação”), as menos óbvias (“Comentário a respeito de John”, “Na hora do almoço”) e as desconhecidas como a baladona “Incêndio” (“os bombeiros todos ganham/ os trinta dinheiros pra esquecer o fogo/ mas eu vejo a chama e tremo, porque sou daqui”) e a rural “Princesa do meu lugar” (“ao ver que o cajueiro anda florando/ saiba que estarei voltando”). A ode paulistana “Passeio” (“a eletricidade desta cidade/ me dá vontade de gritar”) foi pescada no primeiro disco do compositor, “A palo seco” de 1974. No encarte, Amelinha conta a história da faixa de abertura.
“Por volta de 1996, encontrei com Bel nos bastidores de uma emissora de TV em São Paulo e ele me disse que tinha feito uma música chamada 'De primeira grandeza’ e gostaria muito de ouvi-la na minha voz”, rebobina.
fonte da imagem: http://bit.ly/2h2TmYW
Em 2000, ela gravou um disco com ele e Ednardo, “Pessoal do Ceará”, “e lá também não coube ‘De primeira grandeza’, porque era um disco com músicas já conhecidas”. Em 2012, a música também ficou de fora de “Janelas do Brasil”, onde foi escalada outra de Belchior, “Galos, noites e quintais”. Finalmente, a canção deu o título ao disco tributo ao amigo (que já havia nomeado, em 2000, um disco seu do Shopping SP Market, em edição beneficente), com uma letra ressignificada: “Quando eu estou sob as luzes/ não tenho medo de nada/ e a face oculta da lua que era minha, aparece iluminada”.
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