Em “Norte ao vivo”, NX Zero rebobina a carreira e entra em recesso

Banda de pop rock arrasta povo, a paulistana NX Zero desembarca “Norte ao vivo” (Deck), sexto DVD e décimo CD da carreira, gravado na Áudio Club, em São Paulo, dia 14 de junho do ano passado, produção e mixagem de Rafael Ramos. São 24 músicas (o CD é duplo), quase duas horas de registro, o resumo de década e meia de trajetória. Também é a tecla “pause” para o grupo, que entra em recesso, e cada um vai cuidar de sua carreira, “sem mágoas, brigas ou ressentimento”, frisam eles.

Formado por Di Ferrero (vocal), Gee Rocha e Fi Ricardo (guitarras), Caco Grandino (baixo) e Daniel Weksler (bateria), o NX Zero atravessou todas as tormentas que assolam uma banda de rock e manteve-se unido desde o primeiro indie, “Diálogo?”, de 2004. Foi com ele que decolaram do Hangar 110, templo do punk e rock alternativo de São Paulo. Ao lado de sucessos estrondosos, perpetraram “Projeto Paralelo”, em 2010, com participação de rappers internacionais e os brasileiros Emicida, Rincón Sapiência, Marcelo D2, Gabriel O Pensador, Rappin Hood, Negra Li e Chorão.

A revisão de trajetória de “Norte ao vivo” conta com o corão berrado da platéia em êxtase, como em “Razões e emoções”, recebida com urros desde os primeiros riffs de guitarra, e depois levada pela audiência. Apesar do mural ruidoso, rola um violãozinho (de Di Ferrero) em “Marcas de expressão”, balada (“Maré”), uma abertura progressiva floydiana para “Fração de segundo”, que antecede a “clássica” (segundo o vocalista) “Além de mim”. “Mandela” prega ativismo (“É melhor explodir que deixar apagar/ seja forte e não omisso/... se não a vida passa e você se esconde”), “Por amor”, com interseção rap, critica o “pobre menino rico, paga pau de gringo (...) que fica na net escrevendo bosta”, e o reggae “Pedra Murano”, ornado por falsete, desova guitarras com maior riqueza de texturas. “Deixa o som te libertar/ suba até as estrelas”, convida a recorrente “Modo avião”.