Supersônicas

Guilherme Arantes disseca 40 anos de carreira em DVD

sexta, 04 de maio de 2018

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Habilidoso também com a parte técnica dos instrumentos, o jovem estudante de arquitetura da FAU paulistana desmontou seu órgão Caribean, que transformou num teclado portátil para estudos. Flagrado com ele por um professor irritado, numa das salas da faculdade, onde repetia de ano com frequência, ouviu o comentário: “Porque você não larga o curso e vai fazer musiquinha?” Foi a chicotada no lombo que Guilherme Arantes precisava para deixar a arquitetura e embrenhar-se de vez na música.

Uma longa história de hits e pérolas pop, que completa 40 anos. Ele canta (mais de 90 versões inéditas, levadas solo nos teclados, além de videoclipes reproduzidos) e conta em minúcias, olho no olho do espectador, no DVD triplo “Guilherme Arantes, uma viajante alma paulistana”. Trata-se de produção independente de sua empresa Coaxo do Sapo, sediada na Bahia, onde ele vive.

“Meu ofício primordial sempre foi o de compositor. Cantar, a princípio, foi uma ‘obrigação’, o canto era para mim – desde menino – uma habilidade secundária”, admite ele no texto de apresentação do documentário, dividido em sete temporadas.

De 1974, quando tentou decolar a bordo de um grupo de rock progressivo, o Moto Perpétuo, a 2016, com a transformação radical do mercado, que o obrigou a tornar-se um artista independente. A rigor, sua carreira, crivada de temas vitoriosos em trilhas de novela, desde o inaugural “Meu mundo e nada mais”, de 1976, quando foi chamado de Elton John brasileiro”, transforma-se na virada do anos 2000. Faz um disco totalmente instrumental, “New classical piano solos”, que o leva a apresentações em Nova Iorque com músicos da Julliard School e o backing vocal da filha, Marietta Arantes.

Dizendo-se integrante da “geração do hiato”, após o boom dos festivais (“só dava brasileiro cantando em inglês, como Morris Albert, Terry Winter, mas o estouro dos Secos & Molhados mudou o panorama”), ele desvela suas inspirações.

Do livro “Narciso em tarde cinza”, de Jorge Mautner, que teria gerado seu ciclo aquático, “Planeta água”, “Deixa chover”, “Antes da chuva chegar”, ao tecladista grego Vangelis de “Heaven and hell” (“ouvi este disco até furar”), o poeta revolucionário russo Maiakovski e até a sineta sonora do filme ‘”Contatos imediatos de 3º. Grau”, que redundou na música “Êxtase”, um “sucesso longevo”.

Como antídoto para o bumbo-rec da discotheque, imperativo da época, compôs uma marchinha, “Loucos e caretas”, que ele disse ter sido honrado com a gravação da rainha do rádio, Emilinha Borba. A pedido de Elis Regina, fez uma música para que ela tocasse na FM (“então voltada para a música nordestina de Fagner, Alceu Valença, Zé Ramalho, segundo ele).

“Aprendendo a jogar”, que Arantes disse evocar o explosivo “Upa neguinho”, catapultou de novo a cantora ao sucesso.

O standard americano “I’m getting sentimental over you”, que o pai ouvia com a orquestra de Tommy Dorsey, o levou a “O melhor vai começar”, enquanto a folk “Todo mês de maio”, bebeu na dupla do rock rural, Sá & Guarabyra. Não faltam causos ao documentário, como o da letra que fez para “Brincar de viver”. O produtor Guto Graça Melo ofereceu a Maria Bethânia. A baiana topou gravar e Guto deu exclusividade do tape à então toda poderosa rádio Cidade, o que irritou a concorrência, mas garantiu o sucesso.

“Meu patíbulo nestes 40 anos de carreira foi o teclado do piano. Ali passei a maior parte da minha vida, procurando acordes e melodias que fizessem a minha vida ter um sentido além de sobreviver”, sentenciou Guilherme Arantes.


Serviços:
GUILHERME ARANTES
DVD “Uma Viajante Alma Paulistana”
Lançamento: Coaxo do Sapo
Distribuição: Canal 3
Preço: R$ 54,00
www.guilhermearantes.com.br


Fonte da imagem: YouTube | Reprodução



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