Música

Jacob através do tempo

Capítulo X da série especial JACOB DO BANDOLIM 100 anos

quarta, 28 de fevereiro de 2018

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A obra de Jacob do Bandolim transcendeu em muito os limites da Rádio Ipanema, onde começou em 1937, com o conjunto Jacob e Sua Gente. Décadas se passaram e seus discos viajaram e foram sendo relançados mundo afora, particularmente, no Japão e nos EUA. Músicos consagrados interpretam seu repertório, seja na França, Venezuela, Egito, Rússia e Portugal, redesenhando as reais fronteiras da obra do nosso primo das cordas.

Certa vez, na década de 60, o pianista concertista russo Sergei Dorensky ao retornar a Moscou, ainda desconcertado depois de participar, em Jacarepaguá, na casa de Jacob, de um inesquecível sarau, encontrou-se com Arthur Moreira Lima que por lá estudava piano e relatou o que vivera naquelas horas no reduto chorão de Jacarepaguá. Arthur se comprometeu, então, em fazer chegar às mãos de Dorenski, alguns discos de Jacob. Meses depois, em plena Moscou, um amante do choro, o arquiteto Alfredo Britto entrega ao pianista russo uma coleção de LP's de Jacob. Poucos dias depois, a Rádio Moscou transmitia programas sobre um gênero ainda desconhecido para eles: o Choro, apresentando um virtuoso interprete, que tirava sons incríveis de um instrumento que lembrava a balalaika, espécie de bandolim russo, e de nome complicado de se pronunciar - Jacob do Bandolim. Assim, é obra de Jacob, sem fronteiras.

Jacob sempre perseguiu a perfeição da execução e a excelência na preservação da nossa música, sem, contudo ser um conservador. Municiava-se de recursos tecnológicos de ponta à época (anos 50), para obter resultados inovadores, na busca de novas sonoridades, ou para melhorar o registro de seus arquivos. Foi assim ao inventar instrumentos musicais, como o vibraplex (violão tenor ligado a um órgão Hammond), onde obteve um som parecido com os atuais aparelhos sintetizados e um bandolim em formato de guitarra. Da mesma forma, quando estudou à fundo a arte fotográfica, para poder microfilmar suas partituras, pois arquivos físicos não lhe bastavam, em se tratando de milhares de partituras a serem preservadas.

Hoje, são raras as rodas de choro onde não se ouvem as cordas de um bandolim, são raros os bandolinistas que não tem em Jacob sua referência musical e, principalmente, é raro o país que teve o privilégio de ter tido um Jacob do Bandolim.


Texto fornecido pelo Instituto Jacob do Bandolim.

Este é o último de 10 artigos sobre a vida e carreira de Jacob do Bandolim, um dos maiores nomes da memória musical brasileira. Não perca um capítulo destes incríveis fatos notáveis! Clique nos links abaixo e navegue por esta série especial:

Capítulo 1 - O Aprendizado 
Capítulo 2 - A Carreira
Capítulo 3 - As gravações

Capítulo 4 - Suíte Retratos 
Capítulo 5 - A televisão 
Capítulo 6 - O Época de Ouro 
Capítulo 7 - Os Saraus
Capítulo 8 - O arquivo de Jacob 
Capítulo 9 - Um coração rasgado pela emoção
Capítulo 10 - Jacob através do tempo (lendo agora)


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