Supersônicas

Maestro Hermeto e sua big band em “Natureza universal”

por Tárik de Souza

sexta, 05 de janeiro de 2018

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Multinstrumentista é um rótulo estreito para a arte do bruxo alagoano Hermeto Pascoal. Nem bem lançou um disco com seu grupo (“No mundo dos sons”) em setembro passado, já está com novo álbum circulando, “Natureza Universal” (Natura Musical), executado por uma big band de 20 músicos, sob regência de André Marques.

Na ficha técnica do álbum, gravado entre 15 e 20 de junho de 2017, no Estúdio Arsis, em São Paulo, Hermeto assina “apenas” composições, arranjos e direção musical. Não toca nenhum de seus mil instrumentos habituais, mas a orquestra é ele. São cinco trompetes (Bruno Soares, Raphael Sampaio, Diego Garbin, Reynaldo Izeppi), cinco trombones (Paulo Malheiros, Fábio Oliva, Sérgio Coelho, Bruno Pereira, Jaziel Gomes), cinco saxofones (Jota P, Dô de Carvalho, Raphael Ferreira, Josué dos Santos, César Roversi), piano (Tiago Gomes), guitarra (Fábio Leal), baixo elétrico (Fábio Gouveia), bateria (Cleber Almeida) e percussão (Fábio Pascoal).

Encarregado da edição e preparação das partituras, Jovino Santos Neto, integrante do grupo do alquimista entre 1977 e 1992, conta no encarte que as partituras orquestrais finalmente ativadas, dormiram durante anos num balaio grande de palha, embaixo da cama de casal de Hermeto e sua primeira esposa, Dona Ilza.

“Tive o prazer de transcrever esse baú de grades orquestrais escritas impecavelmente à mão por Hermeto (sempre com caneta de feltro) para o mundo digital dos uns e dos zeros”, anota ele.

Com suas inesperadas variações de timbres e texturas desfilam suas inclassificáveis explorações sonoras (“Choro árabe”, “Pirâmide”, “O som do sol”), entre a reverência (“Viva Gil Evans”, “Obrigado mestre”, “Menina Ilza”) e o humor (“De Cuba Lanchando”, “Pulando a cerca”, “Jegue e meu jumento mimoso”) e o jogo de falas musicadas (“Apresentação”). Voltemos a Jovino em seu elucidativo texto do encarte: “Ao preparar e digitalizar esses arranjos únicos, pude saborear cada compasso, às vezes por uma hora inteira. Não posso imaginar uma melhor referência para se aprender a compor, arranjar e interpretar. Basta estudar a música livre que jorra sem parar das encostas do Monte Pascoal, a cachoeira do som”. 


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