Supersônicas

Nova chance para decifrar a esfinge do Marsa

por Tárik de Souza

quarta, 20 de dezembro de 2017

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O manifesto “Circular movimento”, do grupo recifense Marsa, passou batido após o prêmio no Festival Pré-Amp, em 2016. O certame garantia ao vencedor recursos para gravação, mixagem e prensagem de mil cópias, que chamaram a atenção de alguns sites e ficou nisso. Uma segunda vitória num concurso do selo Mills Records, permite nova mirada na multifacetada dicção do Marsa, formado por Thiago Martins (voz e guitarra), Carlos Amarelo (bateria), Rodrigo Félix (percussão) e os irmãos Rogério Samico (voz, baixo e sintetizador) e Rodrigo Samico (guitarra).

Fiel ao título, “Circular movimento”, o CD deambula por tendências diversas, do afro beat encantatório da faixa título à reflexiva e lânguida “Serpente”, com pitadas de guitarras letárgicas, e o bolero libidinoso “Tarcisio”, que evoca o atrevido “Seu Waldir”, do Ave Sangria, pioneiro do psicodelismo pernambucano nos anos 70. Cabem estilizações de valsa (a mântrica “Mais um só”) e reggae (o compassado “Breu da dor”). Outras ins-pirações são grupos como Novos Baianos (a cadência de samba de “Vermelhos”) e Secos & Molhados (“A pele”). Mas tudo dentro de uma forma peculiar de (re)mexer o caldeirão estético, como no prefácio declamado que evoca um navio negreiro em “De mim, de nós, do nada”, e nos labirintos imagéticos de “Sobre a paixão”: “a boca fere, o concreto arde/ arranha céu/ no fígado o vinagre/ o álcool, o agre e o fel”


Fonte da imagem: https://goo.gl/VsnwDG 

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