Supersônicas

O novo disco de Lula Queiroga convoca: “Aumenta o sonho”

quarta, 25 de abril de 2018

Compartilhar:

O compositor pernambucano Lula Queiroga estreou no disco “Baque solto”, em 1983, dividido com o parceiro conterrâneo Lenine. Gravado por artistas como Milton Nascimento, Elba Ramalho, Zélia Duncan, Ney Matogrosso, Pedro Luis e A Parede, Ana Carolina, O Rappa, Roberta Sá, Zizi Possi, Teresa Cristina, Mart’nália, ele seguiu carreira nos álbuns Presença (1984), “Aboiando a vaca mecânica” (2001), Azul invisível, vermelho cruel (2004), Tem juízo, mas não usa (2009), Todo dia é o fim, do mundo (2011). Seis anos depois, ele retorna com o poderoso Aumenta o sonho (Luni), produzido por ele, seu irmão Tostão Queiroga (bateria, percussão) e Paulo Germano (programação, teclados), gravado no estúdio Luniaudio, em Recife, e masterizado por Christian Wright (Abbey Road Studios, Londres).

Filho da cantora Mêves Gama e do multiartista Luiz Queiroga, responsável pelos textos do humorista cantor Coronel Ludugero e autor do clássico êxito de Luiz Gonzaga, “A hora do adeus” (com Onildo Almeida), Lula também convocou a irmã cantora, Nena, para os vocais e o sobrinho Yuri (violão), além do cunhado Spok (saxes barítono e tenor), da faiscante Spok Frevo Orquestra. O intimismo do núcleo central ampliou a densidade do disco, onde a eletrônica é utilizada de forma orgânica e turbina petardos como o merengue diatribe “#Xô Perrengue” (“eu desconheço seu rosto/ mas reconheço a serpente/ quando o chocalho do rabo/ chacoalha na minha frente”), a nevrálgica “Balada do cachorro louco” (com Lenine e Chico Neves) e a repentista “Futifilosofia” (com Fabrício Belo) de letra caudalosa e substantiva: “a rua rastreada pelo Google/ a terra girando na holografia/ pra que velocidade se não sai do lugar?/ quem descobriu o Brasil foi a calmaria”. Até a surrada poética da guerra conjugal ganha tons macabros em “Amor roxo” (“amor de violeta e hematoma/ já nem merece ser chamado amor/ não passa de um sentimento bruto/ em estado de coma”), atmosfera sombria e refinamento de timbres em “Não há nada lá fora”, e respira ares de balada folk em “Tardinha” (com Manuca Bandini).

Conceitual, onírico, o roteiro abre com a faixa título, “Aumenta o sonho” (“enquanto o mundo sofre da alma/ flutuaremos nosso balão”) e fecha em andamento de valsa, pontuada por cello, em “Minha cabeça é o fim”: “Fábrica do sonho/ cofre do segredo/ teto onde mora a alegria e o medo”.

Dia 7 de maio, Lula lerá algumas letras e poemas no Gabinete Guilherme Araújo, em Ipanema, e dois dias depois, no mesmo bairro da zona sul carioca fará show de lançamento do CD, no Teatro Ipanema. Apresentações em Belo Horizonte (Distrital, 10/5) e São Paulo (SESC Santana, de 11 a 13/5) também estão agendadas. 


Fonte da imagem: Bandcamp | Capa do álbum "Aumenta o sonho"

Comentários

Divulgue seu lançamento