Música

Poeta, Moça e Violão

quinta, 30 de agosto de 2018

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Estourando entre os mais votados no "Circuito Universitário", a dupla Toquinho e Vinicius de Moraes ganhou destaque nos anos 70 dentro do cenário musical brasileiro. Neste exato tempo, os mesmos buscavam uma voz feminina para ingressar num projeto em trio e seus pensamentos o levaram para Marília Medalha. Esse pensamento se teve por Marília ter participado do primeiro show de Toquinho e Vinicius juntos que se chamava “Como dizia o poeta” e a cantora – que era considerada pelo compositor como uma mulher fora de série, digna, leal e corajosa – logo veio ao pensamento da dupla para integrar o grupo que tocaria no Segundo Circuito Universitário.

Porém, um ser de luz iluminou o compositor Benil Santos – empresário responsável por contratar os artistas que se apresentavam no Circuito – que viu em Clara Nunes, por também ser empresário da mesma, a oportunidade de um conjunto completo que a música brasileira precisava e, ficou evidente a importância que aqueles dois talentos da MPB poderiam resultar na carreira da cantora. Vinicius, que conhecia a artistas dos programas do Chacrinha, marcou um primeiro encontro em sua residência na Gávea e a sintonia dos três músicos se consolidou no mesmo instante.

E assim nasceu o trio Vinicius/Clara/Toquinho: "Poeta, moça e violão". Os músicos estrearam na sagrada terra baiana, no palco do Teatro Castro Alves e foi um sucesso de público, fazendo shows inesquecíveis de norte a sul, enriquecendo musicalmente todo o território nacional. Unidos pelo amor a Bahia, candomblé e por Mãe Menininha do Gantois, a dupla veio com força total em suas composições e Clara mostrou seu canto das três raças, provando ser uma cantora brasileira acima de qualquer gênero.

O LP de 1973, "A História dos Shows Inesquecíveis: Poeta, moça e violão" é uma obra prima que marca a carreira desses três grandes nomes da MPB. O álbum/fascículo triplo traz composições como “Chorando pra Pixinguinha”, “Garota de Ipanema”, “Canto de Ossanha” e “Tarde de Itapoã”. E é com esta última lembrança, que nos despedimos, no mês de agosto, da eterna guerreira Clara Nunes e abrimos os caminhos para setembro com um dos gêneros que Toquinho e Vinicius de Moraes eram especialistas: a Bossa Nova.


OS PERSONAGENS

Vinicius de Moraes: Além disse certa vez que Vinicius de Moraes não era um só. Era muitos. Por isso seu primeiro nome é plural e não singular. De fato, para falar de Vinicius seria necessário muito mais uma enciclopédia do que algumas páginas de um livreto. Por isso, resolvemos falar aqui de um só: o compositor popular. Os outros Vinicius ficam por conta dos biógrafos.

Clara Nunes: Ao contrário de Vinicius, Clara é uma só. Nasceu como Clara Francisca e depois acrescentou Gonçalves. É mineira de Paraopeba, hoje conhecida como Caetanópolis, e lá se apresentou e cantou como "crooner". Mas, era preciso vir para o Rio. Veio, viu e gravou pequenos sucessos. Com o empurrão que Vinicius de Moraes lhe deu no show, Clara deslancha em 1974, ou seja, no ano seguinte do show, é considerada como a cantora que mais discos vendeu em todos os tempos.

Toquinho: Toquinho é antes de tudo um instrumentista. Domina o violão com perícia invulgar, mas não chegou a este ponto sem esforço. Aos 17 anos começa a fazer parte do nosso cenário musical com trabalhos de qualidade ao lado de artistas como Chico Buarque e, nos anos seguintes, começa a participar em shows e apresentações na TV e gravar seus primeiros sucessos que o levaram a turnês pelo mundo todo. Toquinho continua sua carreira conquistando novas vitórias até quando Deus quiser.



Referência Bibliográfica. Trechos do livro: FERNANDES, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. 320 p.


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