Sergio Molina disseca em livro a música de montagem pós-Beatles

Compositor e doutor em música pela USP, Sergio Molina assinou na área da música popular o projeto “Sem pensar nem pensar”, para letras de Itamar Assumpção, na voz de Miriam Maria. Ele lança agora o estupendo livro “Música de montagem – a composição de música popular no pós-1967” (É Realizações Editora, 200 pgs), em que estuda as transformações das técnicas de composição, que se consolidaram a partir do divisor de águas “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, naquele ano.

“No pós 1967 por processos de montagem, passou-se a compor não mais apenas ‘canções’ (enlaces de música, letra e levada), mas ‘sonoridades’. As articulações de intensidade, jogos de densidade, sobreposições de unidades sonoras, rupturas de andamento, efeitos agregados às vozes passaram a ocupar um lugar central nos processos de criação”, analisa ele.

Fonte da imagem: Cultura FM

Entre os exemplos brasileiros de montagem, está a longa e desdobrada gravação de “Sentinela”, de Milton Nascimento (e Fernando Brant), de mais de sete minutos, com participação de Nana Caymmi, onde são adicionados vários componentes. Entre os gêneros agregados à canção, tomando como parâmetro a primeira gravação da música pelo próprio Milton, em 1969, “que se aproxima do samba canção”, há “fragmentos de canto gregoriano (Coro de Beneditinos), solos de guitarra idiomáticos em blues e rock, elementos de harmonia de jazz ou bossa nova (tétrades) justapostos a harmonia trádicas, etc”.Também há análises de outras composições de Milton Nascimento e parceiros (“Fé cega, faca amolada”, “Saudade dos aviões da Panair”, “Cais”, “Minas”, “Gran Circo”), além de mais algumas internacionais (“Superstition”, de Stevie Wonder, ”Cristallyne”, de Björk, “Helter skelter”, dos Beatles, “Bring on the night”, de Sting) e o “Expresso 2222”, de Gilberto Gil, esmiuçado por Sergio, sob o título “Ritmos da letra” e a epígrafe do escritor Octavio Paz: “o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos da harmonia universal”.

Sergio ressalta ainda que “a levada adapta para violão o ‘resfôlego’ da sanfona, lançando mão de técnicas de repetição de polegar e indicador na mesma corda, comuns à chula, um samba de roda característico da região de Santo Amaro da Purificação, na Bahia”.   

AUTOR: Molina, Sergio
Editora: É Realizações
Gênero: Artes
Subgênero: Música
Formato: 16 x 23 cm
Número de Páginas: 200
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-8033-315-2
Ano: 2018

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