Supersônicas

Zélia revisita Milton só com o cello de Morelenbaum

por Tárik de Souza

terça, 21 de novembro de 2017

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Zélia Duncan não para quieta. Ainda bem. Ela já revisitou pérolas de ases e estrelas da MPB (“Eu me transformo em outras”, 2004), o dito maldito Itamar Assumpção (“Tudo esclarecido”, 2012) encenou em teatro os cantos/falados de Luiz Tatit, do Grupo Rumo (“Totatiando”, 2013), gravou um disco de sambas (“Antes do mundo acabar”, 2015), e agora desembarca no largo estuário da obra de Milton Nascimento. Mas sua abordagem, sugerida pelo produtor e homem do disco, André Midani, para a série de shows “Inusitado”, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no Rio, não se parece com nenhum dos vários songbooks já editados do presidente do Clube da Esquina.

Acompanhada apenas pelo violoncelo do músico e arranjador Jaques Morelenbaum, em “Invento +” (Biscoito Fino) ela não se restringe a composições de Milton. Incorpora temas de outros autores apropriados por ele, como o eclesiástico “Calix bento” (Tavinho Moura), “Mistérios” (Joyce/ Mauricio Maestro), “O que será” (Chico Buarque), “Beijo partido” (Toninho Horta) e “Volver a los 17” (Violeta Parra), na gravação original, em dueto com a diva folk argentina Mercedes Sosa.

Zélia alterna sobriedade e comoção, com a voz grave entrançada ao cello, o instrumento de Villa Lobos, sempre referenciado à música erudita.

“Após participar do Premio da Música Brasileira, ano Tom Jobim, sob a direção musical de Jaques, estava recheada daquele som, e me veio a ideia de fazer esse repertório, afetivo para mim, sem harmonia, só com ele”, rebobina ela, que gravou “San Vicente” em um DVD de Milton.


fonte da imagem: http://bit.ly/2znFjZn 


A dupla pensou em adicionar uma percussão ao projeto: “O Naná Vasconcellos, ainda vivo, foi o primeiro nome que surgiu. Depois assumimos o desafio de fazer um show inteiro apenas com voz e cello, e a questão foi apenas criar os arranjos e ensaiar”, comenta ele, que participou da banda do homenageado na turnê do álbum “Minas”.

A seleção abrange várias fases e parcerias do compositor, da inaugural “Travessia” a “Ponta de Areia”, “Caxangá” “O que foi feito devera” e “Encontros e despedidas” (todas com Fernando Brant), “Cravo e canela” e “Cais” (ambas com Ronaldo Bastos) e a terna “Canção amiga”, poema de Carlos Drummond de Andrade musicado por Milton.

O lançamento será dia 5 de dezembro, no Theatro Net Rio, em Copacabana

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