Música

A História e as histórias do Rock in Rio

sábado, 21 de setembro de 2019

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Falta pouco para o início do maior festival de música do país. No dia 27 de setembro, o Parque Olímpico do Rio de Janeiro irá receber uma multidão de gente apaixonada por música para celebrar, mais uma vez, o Rock in Rio!

O mega-evento surgiu em 1985, quando o publicitário Roberto Medina resolveu tirar do papel seu projeto de criar o “Woodstock brasileiro”. E conseguiu! O Rock in Rio 85 entrou para a história da música brasileira e mundial, tornando-se o primeiro grande festival de rock da América do Sul. 

Enquanto a edição de 2019 não chega, o IMMuB resolveu reunir lembranças de shows históricos e histórias inusitadas do Rock in Rio para aplacar um pouco a ansiedade. Confira!  

Abertura com Ney Matogrosso 

O primeiro artista a subir no palco do Rock in Rio, no dia 11 de janeiro de 1985, foi ninguém menos que Ney Matogrosso. E sua entrada foi triunfal, entoando o sucesso América do Sul com um figurino pra lá de ousado: uma minúscula tanguinha de pele de onça, o corpo todo coberto de purpurina e uma pena de gavião real ornando a cabeça. Os rockeiros ali presentes, que estavam esperando ansiosamente as bandas de heavy metal que viriam a seguir, não gostaram muito, de início, e começaram a jogar no palco os ovos cozidos que tinham levado como snacks. Ney não se intimidou: chutou os ovos de volta para a plateia e continuou fazendo seu show, com o rebolado e os toques apoteóticos que sempre foram sua marca. Quando cantou Rosa de Hiroshima, sucesso do Secos & Molhados, soltou duas pombas brancas, que saíram voando pela Cidade do Rock, simbolizando a paz que o Brasil de 1985 tanto almejava. 

Ney Matogrosso saiu do palco aplaudido e deu o pontapé inicial na História do Rock in Rio!  


Baby do Brasil grávida de 8 meses 

Se em 1985 tinha alguém que entendia bem qual era o espírito de Woodstock, essa pessoa era, sem dúvidas, Baby do Brasil. E a ex musa e vocalista dos Novos Baianos, claro, marcou presença na primeira edição do festival com uma performance memorável: subiu ao palco grávida de oito meses do sexto e último filho, Kriptus Baby. O barrigão (que ela exibiu com orgulho) não a impediu de fazer um show arrebatador e energético. Cantou de tudo, dançou e botou pra quebrar. Foi um show catártico e, sem dúvidas, antológico!

30 anos depois, em 2015, Baby explicou ao G1 sua decisão de cantar grávida, exibindo sem grilos sua barriga: “Eu queria mais é que a mulher descobrisse que a gravidez não é uma doença. Muito pelo contrário, a gravidez é bela, linda, dá um "shape" lindo para a mulher. Também foi uma forma de ajudar a minha geração a mudar aquela ideia da batinha, da mulher dentro de casa."


Barão Vermelho e a esperança de um novo Brasil

Em 1985, estávamos em plena era BRock, com novas bandas surgindo para reinventar o rock nacional. O Barão Vermelho, claro, estava nesse time e não ficou de fora da pioneira edição do Rock in Rio. O show aconteceu no dia 15 de janeiro de 1985, mesma data da eleição de Tancredo Neves, que naquele momento significava o fim de 21 anos de ditadura militar no país. Simbolizando a esperança no futuro do Brasil, os músicos entraram no palco com figurino nas cores da bandeira, e depois de entoarem clássicos da banda, como Maior abandonado, Down em mim e Bete Balanço, encerraram o show com a catártica Pro dia nascer feliz. Antes de sair do palco, Cazuza deu seu recado de esperança para o público: “Que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã, com o Brasil novo, com a rapaziada esperta!” 

Felizes os que puderam presenciar esse momento histórico! 


Lobão, as vaias e a bateria da Mangueira

Outro nome icônico do rock nacional, Lobão tocou na segunda edição do Rock in Rio, que aconteceu em 1991, no Maracanãzinho. Se hoje os gêneros se misturam nos diferentes dias do festival e as muitas tribos  que vão ao Rock in Rio convivem harmoniosamente, naquela época não era bem assim. O público, se não estivesse tão satisfeito, logo começava a vaiar. Grandes artistas brasileiros já foram consagrados pelas vaias no Rock in Rio. O caso de Lobão se tornou um clássico. 

Escalado para o dia do metal, ele subiu ao palco logo depois do Sepultura. Parte do público, que esperava um tempo de show maior da banda brasileira de heavy metal, começou a vaiar Lobão assim que ele entrou no palco. E o cantor não deixou barato: interrompeu a banda no meio da segunda música, deu uma bronca na plateia e saiu do palco. Logo depois, pediu que a bateria da Estação Primeira de Mangueira, atração surpresa reservada para o final do show, entrasse logo. E assim, o show que seria de Lobão acabou virando um show da bateria da Mangueira, com os ritmistas vestidos com a fantasia do desfile de 1990, tocando samba sob vaias e aplausos. 

Realmente, nada mais rock´n´roll do que isso! 


Show histórico de Cássia Eller

Uma das unanimidades entre os fãs do Rock in Rio é de que um dos momentos mais memoráveis do festival foi o show de Cássia Eller, realizado na edição número 3, em 2001. Na época, Cássia estava no auge e ofereceu uma performance enlouquecedora, como só ela sabia fazer. Com participação especial da Nação Zumbi, cantou clássicos de seu repertório e homenageou artistas como Tim Maia, Cazuza e Chico Buarque. Um dos momentos mais marcantes foi quando mostrou os seios durante o cover de Come together, dos Beatles. Esses momentos, felizmente, se eternizaram no álbum Cássia Eller Rock in Rio – Ao Vivo, lançado postumamente em 2006. 

Esse show histórico simbolizou também uma espécie de despedida. Naquele mesmo ano de 2001, em 29 de dezembro, Cássia se despediu de todos nós, deixando uma saudade imensa nos fãs, mas a certeza de que fez História na música brasileira. Com H maiúsculo mesmo!  


Volta ao Brasil e homenagem à Legião Urbana 

Depois da edição de 2001, o Rock in Rio percorreu o mundo com as bem-sucedidas edições em Lisboa e Madrid. Só voltou ao Brasil em 2011, e dessa vez para ficar. Na edição que marcou o retorno do festival à sua terra natal, um dos momentos mais marcantes foi o show de tributo à Legião Urbana. Destaque da geração de roqueiros dos anos 1980, a banda acabou ficando de fora da edição de 1985. 

Mas essa ausência histórica foi compensada em 2011, 15 anos depois da morte de Renato Russo. No Palco Mundo, aconteceu um show em homenagem à banda comandado pela Orquestra Sinfônica Brasileira, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (guitarrista e baterista da Legião) e participações muito especiais, como Dinho Ouro Preto, Herbert Vianna, Rogério Flausino e Pitty. O público cantando em coro os clássicos da banda deixou todo mundo emocionado e provou que a Legião Urbana conseguiu atravessar gerações. Um momento emocionante, que sem dúvida ficou marcado na memória de quem estava presente. 


E você? Presenciou algum desses episódios ou se lembrou de alguma experiência marcante no Rock in Rio? Não deixe de contar pra gente nos comentários! ;D  


Texto por: Tito Guedes 

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