Não julgue pela capa: obras além do que se vê
Quando se pensa em disco de vinil, além da nostalgia, do charmoso chiado e da sonoridade única, as capas sempre foram um universo à parte, acompanhadas por encartes recheados de informações como os créditos referentes às gravações, letras das músicas e muitas fotografias.
Quem nunca se viu passando por uma loja de discos ou aquelas banquinhas que ficavam nas calçadas e de repente deu dois passos para trás por ter avistado uma capa que chamou a atenção?
Era quase que uma galeria de artes. Trabalhos gráficos magníficos que iam do belo ao obscuro, do bizarro ao que encanta, contendo mensagens explícitas ou subliminares; mas que com o advento dos CDs começaram a perder força e hoje em dia, na era do streaming, os mais jovens sequer fazem ideia do quão legal era essa tour.
Há algum tempo vemos artistas tentando retomar o mercado do vinil, lançando seus trabalhos também nesse formato, mas até pelo maior custo não são muitos os adeptos. O melhor lugar para viver novamente essa experiência tem sido as feiras livres e os mercados de pulgas.
Em meio a tudo isso, separei alguns trabalhos que contam com capas no mínimo pitorescas, mas que musicalmente contém obras fantásticas e que vão além do que se vê...
A Barca do Sol - Pirata (1979)
Difícil classificar a sonoridade do grupo carioca formado no ano de 1973, que conta com fortes influências de Egberto Gismonti.
Há uma grande variedade de gêneros abordados em suas canções, trazendo elementos da música regional brasileira, folk, uma aproximação jazzística, rock progressivo contando com complexas variações de compassos e síncopes, além de outras características. E tudo mais que quiseram fazer e conseguiram unir em um trabalho fabuloso, neste que foi o último de três álbuns lançados pelo grupo.
Ouvir o obscuro som feito pela banda Persona é para os fortes, neste trabalho que é puro misticismo. A capa por si só assusta, mas a sonoridade psicodélica e experimental atrai.
A história por trás desse álbum não podia ser mais estranha, já que foi lançado não por uma convencional gravadora, mas pela fabricante de brinquedos Grow, sendo um disco / jogo que contava com um espelho que fundia imagens e estranhezas do tipo.
A gravação deste trabalho contou com a participação de Luis Carlini (Tutti Frutti ) e Lee Marcucci que também fez parte do mesmo grupo, que durante algum tempo acompanhou e gravou com Rita Lee, além de ser o baixista da banda Rádio Táxi.
Qualquer semelhança entre este álbum e as viagens às quais somos conduzidos ao ver episódios do programa "Cosmos" de Carl Sagan, pode não ser mera coincidência.
“O círculo da vida impõe ao homem renovação, começando sempre em cada geração que surge, para melhor ressurgir nas gerações que vêm, obrigando a humanidade a encetar o caminho que sempre foi, mostrando a todos que todos são apenas um”.
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