Nas guerrilhas que o samba traz
Os ritmos africanos chegaram ao Brasil junto com as populações escravizadas e ajudaram a forjar a identidade de nossa música. Jongos e sambas não contam apenas a saga das populações negras, mas indicam a trajetória de resistência dos oprimidos ao longo dos últimos séculos. Radicado em Portugal há oito anos, o cantor e compositor carioca Luca Argel começou a contar a história do Brasil tendo o samba como fio condutor de uma narrativa de dor e resiliência. As lutas do povo preto estão presentes em "Samba de Guerrilha", um espetáculo cuja pesquisa de repertório culminou no álbum homônimo, o quarto disco da carreira de Luca.
O artista deu uma pausa na apresentação de seu trabalho autoral para resgatar sambas de forte temática social, muitos alvo da censura como, por exemplo, a versão original de "Amirante Negro", título original de "Mestre Sala dos Mares", na qual João Bosco e Aldir Blanc contaram a luta de Antônio Cândido e os marujos rebelados durante a Revolta da Chibata; ou o "Samba do Operário", um manifesto em prol de trabalhadores composto pelos mangueirenses Alfredo Português e Cartola. "Samba de Guerrilha" nos leva a entender os mecanismos de dominação das elites brasileiras desde o Brasil Colônia.
Neste mais novo programa do podcast Faixa a Faixa, Luca Argel conta em detalhes as histórias por trás de cada um desses cantos de resistência em forma de samba. O episódio está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, Anchor e CastBox.
Boa audição!
Affonso Nunes
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