Supersônicas

“Mano que zuera”: João Bosco novo na área

por Tárik de Souza

terça, 17 de outubro de 2017

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Após oito anos sem lançar inéditas, o mineiro João Bosco volta com Mano que zuera (MP,B/ Som Livre),  disco que congrega velhos e novos parceiros e mais os dois filhos artistas.

O poeta, ensaísta e filósofo Francisco Bosco, que dividiu composições com ele em “As mil e uma aldeias” (1997), é o mais atuante na nova empreitada. Além da enigmática faixa título (“era um desencontrava/ era um cadê, perdi/ Aterro, Igarapava/ vislumbrava, vi, não vi”), rolam a afetiva “Onde estiver” (“sempre trago vocês/ dentro do meu coração”), a fatídica “Fim” (“que eu conheça a solidão/ no lugar do lar, ao léu/ o olhar da acusação/ no lugar do irmão, um réu”), a multifacetada ode carioca “Quantos Rios” (“cidade unida pelos motoboys/ e pelas sonâmbulas vans/ que vão varando a Grota Funda/ desde a Praia de Copacabana”) e a distópica “Nenhum futuro”: “Foste uma pornochanchada/ das elites à ralé/ teu espelho olha de novo agora pra mim/ o penhor da igualdade aqui canta assim”.

A filha Julia Bosco dueta com o pai em “Ultra leve”, inesperada parceria com o titânico Arnaldo Antunes, planando entre o bolero e a bossa. Da heráldica parceria com Aldir Blanc, entraram uma antiga, “João do Pulo” (acoplada a um vocalise de “Clube da esquina no. 2”, de Milton Nascimento, e Marcio Borges) e a nova, “Duro na queda”: “Tem um sentado e tá com arma/ o português da caixa sente o drama: pistola em botequim não dá bom carma/ melhor trocar o berro pela Brahma”.


Fonte da imagem: http://bit.ly/2gNirHv


Bosco ainda revisita a parceria com Chico Buarque, “Sinhá”, e, com o baiano do Recôncavo, Roque Ferreira, ele estréia “Pé-de-vento”. Seu violão eloqüente (suporte do vocalise de “Coisa no.2” de Moacir Santos) dialoga com o 7 cordas de Marcello Gonçalves, a percussão de Armando Marçal e o trombone de Everson Moraes. O acompanhamento é enxuto, com revezamento nas faixas de craques como Jaques Morelembaum (cello), MarceloCaldi (acordeon), Anat Cohen (clarinete), Ricardo Silveira (guitarra, violão), Aquiles Moraes (trompete), Guto Wirtti (baixo), Jurim Moreira (percussão), DavidFeldman (teclados), Luis Barcellos (bandolim), Kiko Freitas e Rafael Barata (baterias).

Um Bosco de boa safra, que abre caminhos e sedimenta conquistas.


Fonte da Imagem: http://bit.ly/2yw4abV


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