Supersônicas

O alternativo superlativo de Estrela Leminski e Téo Ruiz

por Tárik de Souza

segunda, 18 de dezembro de 2017

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Quem disse que alternativo não rima com superlativo? O CD/DVDTudo que não quero falar sobre amor” (YBMusic), de Estrela (filha do poeta paranaense Paulo) Leminski e Téo Ruiz, registrado entre o verão e a primavera de 2017, é um mega projeto de 12 canções, todas traduzidas em clipes.

Lançados entre abril e agosto deste ano, eles trazem assinaturas de 13 diretores: Luciano Coelho, Gustavo Guimarães, Juliana Sanson, Bernardo Rocha, Carol Winter, Marta Souza, Erich GegenBauer, João Marcelo Gomes, Henrique Ribeiro, Carlon Hardt, Lucas Fernandes, Marina Vello e Paulo Biscaia. A produção musical contou com Guilherme Kastrup (do premiado disco “A mulher do fim do mundo”, de Elza Soares), Dante Ozzetti (Ná Ozzetti), Rodrigo Lemos (Lemoskine, Naked Girls and Aeroplanes), Marcelo Fruet (Dingo Bells), John Ulhoa (Pato Fu), Pupillo (Nação Zumbi) e o produtor curitibano Fred Teixeira.


fonte da imagem: https://goo.gl/HDpBhq 


Foram programados seis lançamentos em quatro cidades, e entre os atores e atrizes que participam dos clipes estão Guta Ruiz, que atuou em novelas da Globo, Rubia Romano e o cantor e compositor Leonardo Fressato. Autores ou co-autores de todas as composições (com parceiros como Anelis Assumpção, Alice Ruiz, Luiz Rocha, Líria Porto, Lívia Lakomy, Rogéria Holtz, Bernardo Bravo), o casal central, Estrela e Téo, descarta qualquer pieguice romântica.

“As canções que tratam do tema falam do amor depois do ‘e viveram felizes para sempre’”, exorciza Estrela.

“Quase feliz”, logo a primeira faixa, fuzila entre guitarras roncantes: “a condição de final feliz pra nossa história/ é virar canção”. Já o agalopado “Poliamor”, que figurou entre as 50 músicas mais compartilhadas no Spotify e foi indicado na categoria de melhor videoclipe do Rio Web Festival, abre as comportas: “Esse amor não é gaiola/ você pode sair e voltar a qualquer hora/ de Paris até o Pará”. O “Hit agressivo” toma a temperatura da ferocidade em voga – “se te provoca/ e você se importa/ ponto pro outro/ perdeu de novo, de novo”. Em “É duro ter coração mole” rola uma levada de jazz dixieland com breques, e a cadenciada “Gostável” destila sarcasmo: “Eu tava limpando o ralo, me deu um estalo e lembrei de você/ fui trocar o pneu do carro, me atolei no barro e lembrei de você”. Seccionado por sopros, “Eu, ué” articula o palíndromo que trafega entre a auto afirmação e a dúvida, o ego e o eco, e “Novela das seis” diagnostica a atual viagem do planeta entre a idade média e a idade mídia. Rigor criativo temperado com humor resulta num disco de alta potencia inventiva.

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