Música

Tema do Mês: A história dos 70 anos do Long-Play

A História em Vinil

quinta, 21 de junho de 2018

Compartilhar:

No dia 21 de junho de 1948, a Columbia Records apresentou ao público do hotel Waldorf Astoria, em Nova York, um lançamento revolucionário! Era um novo padrão de disco que girava a 33 1/3 rpm (rotações por minuto), com 10 polegadas (aproximadamente 25 centímetros), capaz de gravar até 22 minutos e meio de música, coisa anteriormente impossível. Revelava-se ali o Long-Play (LP), formato que inaugurou a nova era da indústria fonográfica, tornando obsoletos os discos de acetato de 78 RPM que existiam desde 1890. O escolhido para ser o precursor desse novo padrão para os toca-discos foi 'The Voice of Frank Sinatra', primeiro álbum de estúdio do Sinatra, originalmente prensado em março de 1946 em álbum de quatro discos de 78 RPM, o primeiro álbum pop gravado em LP de dez polegadas. Uma semana depois da apresentação da Columbia, o disco  “Concerto in E Minor for Violin and Orchestra, Op. 64”, de Mendelssohn, entraria para a história como o primeiro LP a ser gravado, segundo Sean Wilentz no seu livro “360 Sound: The Columbia Records Story”, agora na versão de tamanho padrão, o 12’’ (31 centímetros) e até o final de 1948, a Columbia teria comercializado 1 milhão e 250 mil LPs.

fonte da imagem: Frank Sinatra ?– The Voice Of Frank Sinatra (Discogs)

A grande novidade atraia, não apenas pela capacidade de armazenar um número muito maior de canções, em vez de uma canção por face dos discos anteriores, como principalmente por sua melhor qualidade sonora, assim como sua leveza, maleabilidade e durabilidade, resistente a eventuais choques, quedas e manuseio (que deve ser feito sempre pelas bordas). Outro fator que, com o tempo, chamaria bastante a atenção do público eram as artes das capas! Muito antes do surgimento dos LPs, os discos vinham encapados apenas em envelopes de papel pardo. Nos anos 70, as capas eram objeto de um cuidado artístico esmerado, revelando nomes como Hipgnosis, Paulo Brèves, Elifas Andreato, Richard Hamilton, Rogério Duarte; capas de discos históricos que foram censuradas; e tantas outras histórias bem curiosas por trás das capas, que podemos contar em outro artigo.

O fato é que, com o lançamento do LP, outras gravadoras começaram a se entusiasmar. O sucesso de tais discos finalmente persuadiu a CapitolRecords a lançar seus LPs em 1949. A RCA Victor (uma das pioneiras na pesquisa e fabricação de discos e vitrolas) num primeiro momento não acreditou no formato, afinal, até aquele momento não se imaginava que viria a ser o padrão para os toca-discos por cerca de meio século, e só entrou na onda do Vinil em janeiro de 1950, depois de perder alguns milhões de dólares e artistas. Seguida imediatamente por outros grandes selos: Decca na Inglaterra e Deutsche Gramophon na Alemanha.

Há vários formatos possíveis para a combinação do tamanho do diâmetro e para a quantidade de informação dentro do mesmo, mas o LP de 12’’, lido a 33 RPM, estabeleceu-se ao ponto de ter mudado para sempre a música.

O primeiro registro de LP a ser lançado comercialmente no Brasil foi 'Carnaval', em janeiro de 1951, pela Capitol/Sinter com artistas e grupos do calibre de Heleninha Costa, Geraldo Pereira, Os Cariocas e outros. Era um disco de sambas e marchas feitos para o carnaval daquele ano. Depois dos EUA, Inglaterra e França, nosso país foi o quarto a aderir ao novo sistema inventado pela Columbia e só foi se firmar a partir de 1957, quando todas as gravadoras aderiram ao novo formato, superando os discos de acetato 78 RPM, deixados de fabricar a partir de 1964. A produção de LP no Brasil não causou um grande impacto. As pessoas seguiam ouvindo rádios e discos de goma-laca, e as lojas que vendiam LPs só tinham mercadoria importada. Após sua ascensão, o comércio dos Long-Plays dominou o mercado brasileiro até 1996.

“Carnaval” foi o primeiro LP lançado no Brasil.

Com o lançamento do CD nos anos 80, o Long-Play começou a perder espaço em 1992. No ano seguinte, foram vendidos no Brasil 21 milhões de CDs, 17 milhões de LPs e 7 milhões de fitas cassetes. O LP ainda manteve vendagens razoáveis até o final de 1995, mantendo nesse ano vendagens entre 5 e 10 milhões de cópias. O advento do compact disc (CD) prometia maior capacidade de armazenamento, durabilidade e clareza sonora, sem chiados, fazendo os discos de vinil ficarem obsoletos e desaparecerem quase por completo no fim do Século XX, tendo seu ressurgimento a partir de meados da primeira década inicial dos anos 2000. Por seu lado, mesmo o vinil precisando ser constantemente limpo e guardado na vertical e, mesmo sendo frágeis, podendo qualquer arranhão prejudicar a qualidade sonora, continuam sendo os favoritos dos colecionadores que se interessam muito mais por eles que pelos CDs (por motivos vários). Para colecionadores, cada detalhe conta: capa, selo, cor do selo, a primeira prensagem, a segunda, o país e, é claro, o estado em que o disco se encontra. Uma reprensagem de algo muito raro vale bem menos que a prensagem original da época de lançamento. Esse valor relevado pelos amantes do vinil faz com que essas peças cheguem a custar investimentos bem altos.

Passado o olho nesta breve história do LP, desde o seu surgimento até a chegada em solos nacionais, justificamos a escolha do nosso amado Long-Play para ser o tema do mês de Junho, aqui no IMMuB. Existem as mais diversas histórias por trás dessa belezinha, futuramente elas podem estar entre nossos artigos. Se tiverem alguma sugestão de pauta para o IMMuB, não deixem de entrar em contato em nosso espaço(clique aqui)


Fonte da imagem: Divulgação (criação VX Comunicação)


Comentários

Divulgue seu lançamento