Terceiro show da série ‘Em casa’ tem encontro inédito de Marcos Sacramento e Leandro Braga

quarta, 30 de setembro de 2020

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Reinventar-se. Algo que Marcos Sacramento se habituou a fazer em seus 36 anos carreira. Do início roqueiro nos anos 1980 (com o grupo Cão Sem Dono) ao maxixe de Sinhô, dos memoráveis sambas à fossa, dos musicais ao breque e às canções autorais – como as 12 que gravou em seu disco mais recente, o elogiado “Drago”, de 2019. Com a pandemia, veio a urgência de trocar de pele mais uma vez e assim surgiu a série de shows virtuais “Em casa”, com Sacramento cantando acompanhado – remotamente – dos músicos com quem vem dividindo gravações e turnês nos últimos anos. O resultado desses encontros pode ser conferido nas duas edições postadas no canal do cantor no YouTube.

Para o terceiro show, que estreia no próximo dia 5 de outubro, às 21h, Marcos Sacramento mudou mais uma vez: decidiu fazer um duo de voz e piano, dividindo as interpretações  com o pianista e arranjador Leandro Braga. “Era uma vontade antiga que nós tínhamos, de gravar juntos, mas que nunca se concretizava”, conta Sacramento, que fez o convite ao amigo durante um telefonema no dia 27 de julho – quando os dois fazem aniversário. “Ele me chamou e topei na hora”, rebate Leandro. “Não só pela oportunidade de enfim gravarmos juntos, mas também pela ideia toda, com ondas diferentes, inclusive samba, que eu adoro tocar. É uma pena que não se toque mais samba acompanhado de piano.”

Foto: Daniel Boechat/Divulgação 

A seleção de repertório ficou a cargo do cantor, que buscou privilegiar o piano do parceiro, “com aquela mão esquerda incrível e a batucada de piano popular, que são especialidades dele”, nas palavras de Sacramento. Gravada entre os bairros de Laranjeiras (onde mora Leandro) e Santa Teresa (no apartamento do cantor), a terceira edição do “Em casa” resulta, assim, no encontro desses dois grandes artistas contemporâneos num passeio não só por sonoridades como também por épocas variadas.

As duas músicas mais antigas do repertório são de Custódio Mesquita. De 1933 vem “Doutor em samba”, composta sob medida para o cantor (e bacharel em Direito) Mário Reis e agora refeita no suingue do dueto virtual. A outra composição de Custódio é “Promessa”: parceria com Evaldo Ruy lançada originalmente em 1946 – por Sylvio Caldas – e desde então regravada muitas vezes, inclusive pelo próprio Sacramento. Isso em 1986, quando fez sua estreia no samba, como um dos intérpretes do LP “Custódio Mesquita: prazer em conhecê-lo”, lançado pela Funarte.

Gilberto Gil é outro compositor representado por duas canções nesse repertório – ambas em posições estratégicas. Na abertura estão as bênçãos de “Logunedé”, lançada pelo próprio compositor, em 1979. Já no encerramento do show vem “E lá poeira”, gravada pela primeira vez em 1983, também por Gil, com versos que lembram nossa identidade: “Ainda bem que vem da alegria / A poeira desse chão...

Outros alentos vêm na porção autoral do repertório. Seja através de composições de Leandro Braga, como a revigorante “Valsa negra” (única instrumental do show) e a cantiga “Menina”: parceria com Gregory Haertel com seus versos com jeito de dedicatória: “É tão lindo, menina, ouvir canções que alguém imagina...” Fecha o bloco autoral “O tempo”, canção bluesy inédita de Marcos Sacramento que no futuro será lembrada como um retrato preciso e emotivo dos tempos de pandemia, com suas “redes congestionadas de ilusões”.

Foto: Daniel Boechat/Divulgação 

Completando o repertório, o cantor e o pianista refazem dois grandes sucessos da música popular brasileira. Numa versão delicada de “Janelas abertas” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), ressaltam as sutilezas melódicas e poéticas da canção eternizada por Elizeth Cardoso em 1958. Já o “Samba do grande amor” (Chico Buarque, 1984) fica ainda mais bem-humorado com os requebros trazidos pelos dois, cujo entrosamento faz com que pareça que desde sempre tocaram juntos.

“O resultado desse trabalho me emocionou muito, de uma maneira perceptível em cada uma das músicas”, diz Marcos Sacramento, que desde o CD “Fossa nova” – feito em 2006, com Carlos Fuchs – não gravava um trabalho todo acompanhado de piano. “Falo da emoção do encontro entre dois músicos, ainda que à distância, que se dispuseram a estar juntos, que quiseram muito esse encontro. Escolhi o repertório pensando no piano dele e ele fez os arranjos pensando em mim. Assim chegamos a esse entrelaçamento tão bonito por meio da música.”

Por: Pedro Paulo Malta

Serviço:
Show “Em casa”, terceira edição
Com Marcos Sacramento (voz) e Leandro Braga (piano e arranjos)
Quando: segunda-feira, 05/10, às 21h
Onde: canal de Marcos Sacramento no YouTube (www.youtube.com/marcossacramentotv)

Ficha técnica:
Andrea Canto – cenografia
Carol Piccoli – produção executiva, comunicação e redes sociais
Daniel Vasques – captação, edição, mixagem de áudio e captação de vídeo Marcos Sacramento
Marcos Sacramento – captação de vídeo 
Naomi Kumamoto – captação de áudio e vídeo Leandro Braga
Netinho Albuquerque – edição de vídeo

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