Música

Amaro Freitas apresenta 'Sankofa', seu terceiro álbum de inéditas

domingo, 04 de julho de 2021

Compartilhar:

De uma periferia do Recife à promessa de ícone internacional do jazz, o pianista Amaro Freitas é um desses singulares casos de aclamação da crítica desde seu álbum de estreia, feito de quem tem a revolução na ponta dos dedos. Em seu caso, fazendo o jazz dançar com frevo, baião e outras riquezas dos ritmos nordestinos sem pisar-lhes os pés. 

O posto de revelação do jazz internacional por "uma abordagem do teclado tão única que é surpreendente" (Downbeat) com o primeiros álbuns “Sangue Negro” (2016) e “Rasif” (2018), inaugurou a parceria com a gravadora inglesa FarOut. Nos últimos anos, Amaro circulou por turnês no Brasil  e exterior, em festivais como a edição nacional do Montreux Jazz Festival,  e parcerias com Lenine (no projeto “Em Trânsito”) e Milton Nascimento e Criolo (é de Amaro o piano em duas faixas do EP “Existe Amor”“Cais” e “Não Existe Amor em SP”).  

Pois seu novo álbum, “Sankofa”, que tem patrocínio da Natura Musical e realização da 78 Rotações Produções, é uma busca espiritual por histórias esquecidas, filosofias antigas e figuras inspiradoras do Brasil Negro. 

Sankofa é um símbolo Adinkra -  conjunto de símbolos ideográficos dos povos acã, da África Ocidental -, que representa um pássaro com a cabeça voltada para trás. Quando se deparou com ele em uma bata à venda em uma feira africana no Harlem, Nova York -  bairro que historicamente foi palco de grandes pianistas do jazz como Thelonius Monk e Art Tatum -, compreendeu a importância do seu significado e fez dele o conceito fundamental para o seu novo álbum.

“O símbolo do pássaro místico, que voa de cabeça para trás, nos ensina a possibilidade de voltar às raízes para realizar nosso potencial de avançar. Com este álbum quero trazer a memória de quem somos e homenagear bairros, nomes, personagens, lugares, palavras e símbolos que vêm de nossos antepassados. Eu quero comemorar de onde viemos”, diz Amaro. 

Com a colaboração de Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria), que formam o Amaro Freitas Trio desde seu início, ele emprega intrincados padrões rítmicos e variações de compasso como se resignificasse os signos antigos de seus ancestrais. Cada faixa é imbuída de uma mensagem ou uma história que o pianista é compelido a contar.


Foto: Jão Vicente

“Baquaqua” destaca a história raramente contada do africano Mahommah Gardo Baquaqua, que foi trazido para o Brasil como escravo, mas fugiu para Nova York em 1847, onde aprendeu a ler e escrever. Sua autobiografia foi publicada pelo abolicionista americano Samuel Moore e hoje é o único documento conhecido sobre o comércio de escravos escrito por um ex-escravo brasileiro.

Ja a delicada “Vila Bela” leva o nome de uma área próxima à fronteira com a Bolívia, na região de Mato Grosso, onde  Tereza de Benguela, rainha quilombola do século 18, liderou a comunidade negra e indígena na resistência à escravidão por duas décadas. 

"Nascimento” é uma homenagem calorosa a Milton, que Amaro vê como um talismã da cultura negra brasileira contemporânea. E lembra de seu encontro com ele e Criolo:  “Foi uma experiência inesquecível. Milton é amor, leveza, arte e memória. ”

Como todos os álbuns de Amaro"Sankofa" levou cerca de três anos para ser feito, com o trio passando oito horas por dia, quatro dias por semana no estúdio. “Valorizamos o processo criativo. Sabemos que leva tempo para chegar a um lugar diferente, para entendê-lo e traduzi-lo. É dedicação, disciplina e sabedoria. Meses se passam e as ideias começam a se encaixar. O tempo é o mais importante. Não podemos chegar onde queremos sem ele. Tenho o desejo de dizer às gerações futuras: vamos desacelerar, vamos nos dar mais tempo, vamos fazer coisas mais profundas. Vamos parar de nadar na superfície, vamos mergulhar.”

Ouça agora o álbum (Clique aqui!)

Encaminhado por: Debs Comunicação

Comentários

Divulgue seu lançamento