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Vinde Minas: Lô Borges e o Clube da Esquina

por Caio Andrade

terça, 11 de janeiro de 2022

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O ano de 2022 começa de um jeito mais que especial no IMMuB: Lô Borges, expoente da música mineira, completa 70 anos em janeiro. Como se não bastasse, além dessa data tão importante, temos também os 50 anos de lançamento do antológico álbum Clube da Esquina, do qual Lô fez parte com Milton Nascimento, Beto Guedes e outros músicos de Minas Gerais. Ô trem bão, não é mesmo?

 Imagem: Bárbara Dutra/Divulgação


Lô 70

Nascido Salomão Borges Filho em 10 de janeiro de 1952 nas Minas Gerais, Lô Borges vem de uma grande família musical, não sendo o único a seguir carreira na área. A borgealidade dessa família pode ser explorada no álbum Os Borges, lançado em 1980. Um dos irmãos mais conhecidos dele deve ser Márcio Borges, parceiro em diversas composições com quem lançou inclusive um álbum recentemente, Muito Além do Fim.

Imagina com 20 anos já fazer sucesso com um trabalho que seria “apenas” um dos maiores álbuns da música brasileira e de quebra ser amigo e parceiro de nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes e Wagner Tiso? Pois assim foi com Lô Borges.

Logo na sequência do histórico Clube da Esquina, lançou no mesmo ano um disco só com seu nome, Lô Borges, com uma influência de tantos estilos e experimentações que ele mesmo define o álbum como algo meio “maluco”. Apesar de não ter sido aquele estouro de vendas, a capa chamou bastante atenção, fazendo com que o álbum fosse popularmente conhecido como “disco do tênis”.

Capa/Contracapa Disco do Tênis

Apesar do sucesso de cara já com o álbum ao lado de Milton Nascimento, continuou produzindo e firmou parcerias até com outras gerações de artistas, como Tom Zé, Arnaldo Antunes e Samuel Rosa, com quem chegou a lançar um álbum, Samuel Rosa & Lô Borges Ao Vivo no Cine Theatro Brasil, em 2016.

Regravado por diversos nomes da nossa música, como Nana Caymmi, Gal Costa e Elis Regina, fez sucesso também na cena internacional, interpretado por nomes como o da espanhola Ana Belén e da portuguesa Eugênia Melo e Castro.


O tal Clube da Esquina

Um “clube” com tantos artistas de peso assim todo mundo gostaria de fazer parte, não é mesmo? O termo “clube da esquina” na verdade surgiu do hábito que esses compositores mineiros tinham de se encontrar na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte, para trocar ideias musicais.

O álbum Clube da Esquina, concebido entre 1971 e 1972, consolidou Milton Nascimento e projetou diversos outros artistas mais jovens como o próprio Lô Borges. Dentre os diversos músicos atuantes nessa sonoridade regional e ao mesmo tempo tradicional, cheia de experimentações e inovações, pode-se citar alguns nomes como Wagner Tiso e outros membros do conjunto Som Imaginário como Robertinho Silva e Tavito, Beto Guedes, Toninho Horta, Nelson Angelo e ainda vários outros.


JK e a galera do clube da esquina (Lô, Fernando Brant, Márcio Borges e Milton Nascimento, da esquerda pra direita)/Foto de Juvenal Pereira

Com esse lançamento, surgiram várias canções de sucessos como Tudo o Que Você Podia Ser, O Trem Azul, Um Girassol da Cor de Seu Cabelo e San Vicente. Alguns anos depois, em 1978, foi lançado Clube da Esquina 2, trazendo novos integrantes como Flávio Venturini e Murilo Antunes.

Há quem diga que um bom álbum começa por uma boa capa. Pelo menos para Clube da Esquina, essa frase se aplica e muito bem. O álbum, eleito em 2007 como um dos 100 Maiores Álbuns da Música Brasileira, ocupou a 7ª posição e possui uma das capas mais famosas da nossa música, com uma foto tirada por Cafi (1950-2019), autor de diversas outras capas conhecidas também. Recentemente, ganhou até uma releitura do rapper Djonga com o álbum Heresia.

Lô Borges e os outros artistas do Clube da Esquina você pode explorar aqui no IMMuB. Viva Lô, viva a música mineira, viva a nossa memória musical!



Texto por: Caio Andrade


Caio Andrade é graduando de História da Arte na Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ) e Assistente de Pesquisa e Comunicação no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB)Grande apaixonado por samba, pesquisa sobre o gênero há mais de uma década, além de tocar em rodas e serestas no Rio de Janeiro.

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