Supersônicas

“Yermandê”, de Kamada, e a compaixão planetária

por Tárik de Souza

quarta, 26 de julho de 2017

Compartilhar:

Cantora e percussionista que circulou durante sete anos pela Europa levando sua música, Lígia Kamada sintetiza vivências no CD “Yermandê”. Recolhida à cidade de Monteiro Lobato, na serra da Mantiqueira, ela elaborou o disco autoral registrado no estúdio Traquitana, em São Paulo, sob produção de Marcelo Dworecki (baixo em duas faixas) e Cris Scabello (guitarra em cinco). O poeta que se assina com a final do sobrenome em maiúscula, arrudA, declama um poema na bucólica parceria com a solista, “Água na fonte” (“será que já não nos vimos antes/ eu pedra de rio/ você diamante”). O compositor Pipo Pegoraro pilota a programação desta faixa e também de “Ando à pé”. Outro compositor cantor, Peri Pane toca violoncelo em “Aqui na roça” (“Quem diz que aqui não acontece nada/ pisando a terra no beiral da estrada de poeira o chão”) e em “Avec les autres”, em francês. Já a bilíngüe “Au-delá de soi”, agulhada pelo trumpete de Daniel Gralha, aborda o doloroso tema da imigração desumanizada pelas hostilidades das guerras políticas e econômicas: “O que nos sobra? / se ali ou Alah/ o que te importa?/ se o cais já perdeu o chão/ a nau se perdeu do irmão/ que chora”. Por sua vez, a faixa título “Yermandê” (palavra do idioma wolof, do Senegal, que significa “compaixão”), escoltada pela percussão e voz certeiras da solista, concita: “Sente que dá para no abismo saltar/ segue a linha e o foco direto/ em busca do infinito...infinito”.


Fonte da imagem: http://bit.ly/2h3pLkC

Comentários

Divulgue seu lançamento