Turíbio Santos e o Legado do Violão Brasileiro

Um dos nomes mais importantes do violão brasileiro completa 80 anos neste mês. Certamente, Turíbio Santos é o nome mais importante quando se trata da pedagogia e da divulgação do repertório para violão.

Além das habilidades ligadas diretamente à performance no instrumento, esse maranhense se dedicou a outros projetos envolvendo as seis cordas. Em 1961, Hermínio Bello apresenta Arminda Villa-Lobos ao violonista. Na ocasião, a viúva do maestro Villa-Lobos faz um convite inusitado ao jovem Turíbio, contando apenas com 18 anos: gravar os Doze Estudos do compositor na íntegra.

No ano de 1965 sua carreira toma proporções internacionais, sendo condecorado com um prêmio em Paris na ORTF (Office de Radiodiffusion Télévision Française). Em 18 anos gravou 18 discos assinados pela ERATO Disques, gravadora francesa e promotora da música clássica. Junto a isso, recebe excelentes críticas de renomados jornais especializados como New York Times, Times de Londres, Le Figaro, e outras revistas especializadas.

Além disso, Turíbio foi o primeiro instrumentista a lidar com as músicas de João Pernambuco e Garoto, bem como a edição de obras destes compositores. Ainda distante das cordas, mas próximo à música, Santos dirigiu por 24 anos o Museu Villa-Lobos. Em 1980 ele inaugurou a primeira cátedra de violão em uma universidade brasileira. Com isso, ajudou a fundar dois cursos pioneiros no país, UFRJ (1980) e UNIRIO (1981) e fundou em 1983 a Orquestra Brasileira de Violões.

Foto: Divulgação

Segundo o musicólogo e compositor Edino Krieger, Turíbio é uma espécie de Segóvia Brasileiro, sendo o primeiro concertista brasileiro a ter repercussão internacional. No Rio de Janeiro, em 1986, grava a Obra COMPLETA de Villa-Lobos para violão. Como performer, podemos destacar dois momentos de glória internacional: um concerto com a Royal Philharmonic Orchestra em Londres e um recital em Versailles, no Petit Château de Maria Antonieta.

Entre suas obras escritas, há duas publicações que merecem atenção. A primeira delas é o seu método Violão Amigo - Cantigas de Roda do Brasil cujo objetivo é resgatar melodias do folclore brasileiro. Sua autobiografia Mentiras...ou Não? Uma Quase Autobiografia também requer um olhar mais demorado.

Em vídeo, temos registros valiosíssimos sobre este violonista singular. Temos Turíbio Santos - Festival Internacional de Violão - FIV onde o músico toca obras de Villa-Lopes e tece comentários preciosos sobre as peças executadas. Temos também o mini documentário realizado pelo Núcleo de Imagem e Som da UNIRIO (NIS UNIRIO) cuja vida e obra do músico é contado junto a grandes nomes da música brasileira. Além disso, a entrevista feita pela jornalista Amanda Pinheiro é uma preciosidade cujo amante do pinho não pode deixar de assistir com extremo cuidado e reverência.

Junto a todos os discos e feitos institucionais, Turíbio ainda teve tempo de ser condecorado com o grau de Ordem do Cruzeiro do Sul e da Légion d’Honneur. Trata-se de uma condecoração honorífica instituída por Napoleão Bonaparte em 20 de maio de 1802. Na França, o título é de ordem máxima e o limite de membros vivos a recebê-lo é de 75.

Após esse pequeno recorte da vida desse músico sui generis gostaríamos de agradecer todo o seu legado e marcar os 80 desse instituidor e formador de todo o repertório do violão brasileiro. Nosso muito obrigado a Turíbio Santos!