MPB de A a Z

75 anos de João Bosco

segunda, 12 de julho de 2021

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Como diz um verso de letra primorosa (como todas) do genial Aldir Blanc, metrificado na medida para o talento musical do velho parceiro de tantas canções, João Bosco mora dentro da casca do seu violão. Ou melhor, mais apropriado, João é o próprio violão, com ou sem casca, pois sempre nos deu a impressão de que o instrumento, que ele domina como poucos, faz parte do seu corpo, músculo ou osso plantado no peito e acompanhando remanso e desenho do braço.

Mineiro de Ponte Nova, onde nasceu no frio de julho de 1946 (no dia 13), João Bosco deu os primeiros pulos e ensaiou os primeiros acordes ainda nas Gerais, em Ouro Preto, quando tentava ser estudante universitário exemplar. O exemplo durou até conhecer o poeta carioca Aldir – infelizmente, uma das vítimas lamentáveis dessa pandemia que o nosso desgoverno só faz piorar. 

No começo dos anos de 1970 João chegou no Rio de Janeiro. Se espalhou, sempre ao lado de Aldir, pelos bares e sinucas da Tijuca ou pela redação do semanário O Pasquim, em Copacabana, jornal que lançava, naqueles dias, uma série de discos de bolso (nos moldes do compacto simples, assunto para quem tem mais de 60 anos). O letrista e o melodista encaixaram uma obra prima chamada "Agnus Sei", o primeiro sucesso de uma dupla musical como poucas que já se viu na MPB.

Depois de construir obra monumental com a grife Bosco & Blanc – "Miss Suéter", "Rancho da Goiabada", "Kid Cavaquinho", "De Frente Pro Crime", "O Bêbado e a Equilibrista", entre tantas – João Bosco teve outros casamentos musicais (Capinam, Abel Silva, Antônio Cícero, Waly Salomão e o filho Francisco Bosco, por exemplo) e voltou a compor também com Blanc, retomando a batida e a pegada.

O homem é assim: com quem quer que se junte para embaralhar as inspirações, vai sair coisa boa. Isto porque João é música em estado íntegro, com ou sem palavras.


Luís Pimentel

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