Prosa & Samba

A arte e a genialidade de Octavio da Silva - o Talismã (parte 1)

quinta, 01 de junho de 2023

Compartilhar:


Um violão só se torna mágico quando se ganha um toque de um gênio. 

Na minha humilde opinião!

Olha que na música brasileira, tivemos diversos exímios profissionais a exprimir o seu talento através dos acordes de um violão. Muitos destes prodigiosos que cravaram seu nome na história, por unir sua habilidade com a escrita e a sua vocação pela música.

Ouso dizer que Santa Cecília abençoa a quem merece. Assim como na mitologia grega,  Zeus ou Euterpe abençoam aqueles que se enfeitiçam pela sonoridade dos instrumentos musicais, uma linha tênue que apaixona a quem escuta. 

Mas sem arcos dourados e repleto de chão de barro e céu de estrelas, nasceu no bairro carioca de Piedade, Octavio da Silva, de um berço humilde e sem muita pompa. 

Desde de sua infância, entre as brincadeiras de criança e os primeiros acordes de seu violão, Octavio teve contato com a boemia carioca, a simplicidade do povo e a pobreza que se transforma em riqueza nos olhos mais apurados. A pobreza para quem tem bons olhos se torna poesia. Assim, o poeta construiu a sua própria literatura, repleta de singeleza e graça, uma forma de arte no qual ele deixou explícito em cada composição. 

Sem placa de Bronze e sem nome gravado na história, assim nos idos dos anos 70/80, São Paulo acolheu o poeta, que vinha do RJ como artesão após passagem na Unidos de Rocha Miranda, e através da sua arte, conheceu e conviveu com os grandes nomes do samba da paulicéia e logo foi para o carnaval paulistano. 

Mas antes de falarmos sobre este poeta, precisamos conhecer mais particularidades que forjaram este grande artista.

Uma das principais marcas deixadas por Talismã foi a sua timidez, apesar de despejar o coração em suas composições, o mestre sempre foi de poucas palavras, para ele o que valia se sobressair eram suas composições e como se sobressaiu. 

Em uma entrevista a TV Cultura, o grande Toniquinho Batuqueiro disse: 

“Este eu não falo nada, a música dele fala por si”

Veja aqui Toniquinho Batuqueiro em entrevista a TV Cultura na década de 80. 

Na visão do Ilustrador e Publicitário Zé Nívio Gaspar, a timidez era o ponto alto do poeta:

"Por muito tempo ele dividiu a casa com o Silvio Modesto, ambos moravam embaixo do antigo São Paulo Chic. Octávio era muito tímido, eu convivi muito na casa dele e sempre o visitava em companhia do  compositor Osvaldinho Babão, e ele tinha um atelier/mecânica no centro. Um atelier repleto de coisas, ele tinha a fala calma, suave. Não conseguia brigar com alguém de tanta timidez. Um Sambista fora de série". 

A amizade de Geraldo Filme, Silvio Modesto, Toniquinho Batuqueiro, Zeca da Casa Verde e Zezinho do Banjo (Fundador da Escola de Samba Morro da Casa Verde) mudou os caminhos de Octavio, o poeta não apenas escrevia obras mas foi através de Plínio Marcos para os palcos e fez parte de peças como: Balbina de Iansã, Jesus Homem, Humor Grosso e Maldito das Quebradas do Mundaréu, entre outros.

Veja faixas de Plínio Marcos - Balbina de Iansã (1971) Álbum Completo

A plenitude de seu talento foi apresentada ao mundo e logo seu nome seria lembrado e seu talento enaltecido. Claro, os relatos são poucos perto da dimensão que este artista chegou, mas para navegarmos melhor sobre toda historicidade deste poeta, teremos mais um capítulo para falarmos sobre suas músicas. 

Como dizia o poeta: “Há biografia do samba é linda, não vou narrar pois o tempo não me favorece”.

Até a próxima!

Comentários

Divulgue seu lançamento