Jogada de Música

A intimidade de Simonal com o futebol

segunda, 11 de março de 2019

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Fosse vivo ainda, Wilson Simonal teria comemorado 81 anos de idade no último dia 23 de fevereiro. O “Rei do Swing ou da Pilantragem”, magnificamente bem retratado no documentário de 2009 “Ninguém sabe o duro que dei”, de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, tinha a marra de um Romário e, em seu campo, o palco, o porte real do maior de todos, Pelé. A relação de Simonal com o futebol era bem íntima. Tanto que foi convocado para acompanhar a delegação da seleção que traria o tricampeonato mundial do México, em 1970.

E lá, como relatam Chico Anysio e Pelé no filme que resgata a sua extraordinária trajetória musical, caiu na pegadinha de jogadores e comissão técnica da seleção comandada por Zagallo de que faria parte da equipe na Copa devido ao corte de um atleta que estaria machucado. Grande amigo de Pelé na época, Simonal agradeceu ao Rei do Futebol em nome de todos os torcedores brasileiros na música de Miguel Gustavo, também gravada pelo MPB-4, “Obrigado, Pelé”.


Mas é no LP “México 70”, que foi gravado no país da América do Norte e desconhecido no Brasil por muitos anos, inclusive por seus filhos Simoninha e Max de Castro, que ele deu a sua versão para “Aqui é o país do futebol”, de Milton Nascimento, que também a gravaria, e Fernando Brant. Apesar do nome do álbum, só esta música fazia referência ao futebol.


Torcedor do Flamengo, Simonal cantou o seu time do coração em pelo menos duas oportunidades. A mais famosa foi em “País tropical”, de Jorge Benjor: “Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa...”. 


A outra vez ocorreu no LP “Dimensão 75”, gravado no ano anterior. Ele fecha o disco cantando uma paródia da Torcida Rubro-Negra de Barra Mansa para “Bahia de Todos os Deuses”, samba clássico do Salgueiro de 1969, composto por Bala e Manuel Rosa.


E fez a sua “Homenagem Rubro-Negra (Joga Corinthians)”, de Jorge Benjor, ao Timão, que naquele mesmo ano de 1977 conquistaria o título paulista após um jejum que vinha desde 1954. A música abre o LP “A vida é só pra cantar”.


Além dessas, no CD “Brasil”, de 1995, já há muitos anos praticamente esquecido pelo público brasileiro, acusado de ter contribuído com a ditadura militar, ele recomendou “DesesperarJamais” (Ivan Lins/Vítor Martins), “afinal de contas, não tem cabimento, entregar o jogo no primeiro tempo”. Na faixa anterior do mesmo disco, Simonal gravou “Está chegando a hora” (Tradicional/adp Henricão e Rubens Campos), que se não faz qualquer menção direta ao futebol tem seu refrão até hoje cantado por todas as torcidas do país quando seu time está a poucos minutos de conquistar uma vitória e ou título. “Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai está chegando a hora, o dia já vem raiando, meu bem, eu tenho de ir embora...”


Em seu último disco de carreira, “Bem Brasil”, de 1998, Simonal recordou em “Rio antigo”, de Nonato Buzar e Chico Anysio, “Zizinho no gramado” e “a Copa Rocca de Brasil e Argentina”. Dois anos depois, em 25 de junho, o grande cantor morreria aos 62 anos de idade para só ser relembrado à altura do seu indiscutível talento em 2009, quando o documentário sobre sua vida fez grande sucesso e seus filhos passaram a apresentar com outros artistas o Baile do Simonal. 


No ano passado, com o ator Fabricio Boliveira fazendo o papel de Simonal, e Isis Valverde e Caco Ciocler no elenco, foi lançado o filme “Simonal”, que conta a história do cantor na área ficcional, dirigido por Leonardo Domingues. Antes, no auge de sua carreira, em 1970, ele participou da comédia musical “É Simonal”, dirigido por Domingos de Oliveira, o que demonstra que ele também tinha muita intimidade com o cinema. Mas isso é outro papo.


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