A nova bossa de “Acrílico”, de Nina Becker
por Tárik de Souza
Nas vésperas dos 60 anos da bossa nova, a cantautora Nina Becker, revelada na lapeana Orquestra Imperial, direciona seu novo álbum, “Acrílico” (YBMusic/ Natura Musical) para uma sonoridade próxima do samba jazz e a paleta em preto e branco do grafismo do movimento, ocupa da capa ao encarte. Não é revival, nem customização.
fonte da imagem: http://bit.ly/2A5YPcW
Acompanhada por um grupo enxuto, com quem divide o coletivo dos arranjos – Rafael Vernet, pianos, Pedro Sá, guitarras, Alberto Continentino, baixo e Tutty Moreno, bateria – a co-autora de quase todas as faixas aproxima-se (“Na quebrada”, “Despertador”) ou se afasta da sintaxe original do estilo (“Zebra Dálmata”). Vai da emissão coloquial, tão característica dos descendentes de João Gilberto, como na faixa título, e em “Caramelo da nostalgia”, (de Negro Leo, violão da faixa) aos arroubos do rock/ jazz (“Vôo rasante”). Outros timbres pincelam algumas faixas: Moreno Veloso, voz e prato, Luca Raele, clarinete, Hammond, Everson Moraes, oficleide, trombone, Eduardo Manso e Kassin, synths.
A voz delicada da solista degusta “O seu azul”, parceria com o compositor e artista plástico Rômulo Fróes (“posso sentir suas mãos no meu rosto/ mãos de jardim cultivando o meu corpo”) e “Aperta minha mão”, escrita com a ex-colega cantautora da Orquestra Imperial, Thalma de Freitas (“todo amor pode sofrer tempestades/ todo amor pode perder a validade”). Nina leva adiante o espírito de uma época, sem alterar sua essência docemente transgressiva.
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