Além da Frequência

A Sonoridade Etérea de Marku Ribas

quinta, 19 de maio de 2022

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Artista de natureza, Marku Ribas (1947-2013), forma como Marco Antônio Ribas ficou conhecido, foi um cantor, instrumentista e compositor que floresceu das margens do Rio São Francisco na cidade de Pirapora, em Minas Gerai, e fez da música seu ofício para conectar sua arte a toda referência artística que o atravessava.

Filho de pai negro e mãe descendente de caiapós, Marku não se afastou de suas raízes ao ter como influência da cultura indígena e africana presente no norte de Minas em sua expressão, e assim se destacou, ao propor um diálogo entre gêneros e estilos musicais, como o samba, elementos afros do Caribe e outras tendências.

Foto de Beto Fenício/Reprodução da internet

Iniciando sua trajetória na música como baterista e cantor no grupo Flamingo em 1962, não demorou para que Marku ampliasse os horizontes indo para o eixo Rio-São Paulo, ambiente em que grava seu primeiro disco ao lado do parceiro Déo, chamado ‘Déo e Marco’, lançado no ano de 1967.

No mesmo ano Marku participa do 2º Festival Internacional da Canção com a música ‘Certo Canto’, trabalho que foi gravado por Alcione e que foi rebatizado para ‘Alerta Geral’. Em razão do teor crítica, a canção logo foi censurada pelo governo militar, situação que se repetiu com a música ‘Nunca Vi’, levando assim Marku a ser exilado, partindo para a França em 1968.

Em solo francês Marku Ribas monta o grupo Batuki e também passa a atuar em filmes, dialogando com a expressão artística por onde passou, não sendo diferente ao longo de sua passagem pela Martinica.

Em 1973, em uma visita ao Brasil, Marku Ribas grava o LP 'Underground', disco que despontou sua originalidade ao inserir referências a terreiros de umbanda, além de uma bagagem que adquiriu por onde passou, tendo o dom de transpor suas vivências de forma musicada, em uma verdadeira simbiose com a música negra nacional da década de ‘70.

Dentro deste trabalho integra a canção ‘Zamba Ben’, sua faixa mais popular que permanece como referência dos mais diversos campos da música, e que foi feita em homenagem ao político revolucionário argelino Ben Bella, principal nome da luta pela independência da Argélia!

Ao longo de sua caminhada, Marku somou em seu acervo mais de 10 discos e inúmeras participações, que reúne nomes ímpares da música nacional, como Tim Maia, Marcelo D2 e Chico Buarque, demonstrando assim sua presença atemporal dentro da música popular brasileira, e, ainda que longe dos holofotes, o intuito da expressão de Marku pairou sob a originalidade das atmosferas presentes no artista.

Seu descobrimento pela nova geração se deu pela coletânea lançada e que foi intitulada de ‘Zamba Ben’, em uma homenagem à genialidade e autenticidade deste mestre do suingue brasileiro, que caiu nos encantos dos colecionadores pela sua riqueza sonora.

Marku Ribas é dessas raridades que o Brasil insiste em esconder a sete chaves e que se mantém no ideário da música popular brasileira, seja pelo suingue, pelo groove, e pela memória da identidade nacional.

“Faço tudo em respeito ao público. Quero elevar o conhecimento dele sobre a minha música para quando forem me assistir sintonizarem com a proposta. Não tenho a presunção de agradar, eu e ele (público) naquela noite, estamos fazendo show juntos!”
Marku Ribas



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