Tema do Mês

Acontece que eles são baianos

por Caio Andrade

quinta, 25 de agosto de 2022

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Setembro é mês de samba da Bahia no IMMuB! Embalados pelos 80 anos do mestre Nelson Rufino, iremos recordar os grandes expoentes do samba na terra do Senhor do Bonfim seguindo os versos de Dorival Caymmi: “acontece que eu sou baiano”. Se juntam a eles também outros nomes como Riachão, Batatinha, Ederaldo Gentil, Tião Motorista e Edil Pacheco.

Rufino 80

Nelson Rufino é um daqueles artistas da nossa vasta MPB que mereciam mais destaque do que possuem. Um compositor que é dono dos maiores sucessos de nomes como Roberto Ribeiro e Zeca Pagodinho precisa ser mais lembrado e celebrado.

Nascido em 12 de setembro de 1942, iniciou sua discografia tardiamente, apenas nos anos 1990, com o álbum “Viva Meu Povo”. Mesmo assim, já era conhecido desde os anos 1960 e conseguiu se inserir no eixo carioca, tendo sido gravado por diversos nomes como Alcione, Jorge Aragão, Neguinho da Beija-flor e os dois sambistas citados acima.

Roberto Ribeiro pode ser considerado, inclusive, o maior intérprete da obra de Nelson Rufino, dada a relevância dos sambas gravados por ele nos anos 1970. É de Rufino alguns dos principais sucessos da carreira de Roberto, tais como: “Todo Menino É Um Rei”, “Vazio”, “Tempo Ê” e “Rose”. Porém, a competição é feroz, já que Zeca Pagodinho interpretou diversos sambas de Rufino também, dentre eles, “Verdade”, um dos seus carros-chefe.


Dorival e Outros Bambas

Falar de Bahia é falar de Dorival Caymmi. Afinal, quem não se lembra de “Maracangalha”, “O Que É Que a Baiana Tem?” ou "Marina"?

Dorival se tornou uma figura imprescindível na música brasileira, dono de um estilo muito próprio conhecido como “canções praieiras”, título de seu primeiro álbum. Essas músicas, muitas vezes, traziam letras que retratavam o cotidiano e as coisas simples da vida com os pescadores, o mar, a praia e Iemanjá.

Até por ter vivido 94 anos, viu muitas mudanças na música brasileira e foi gravado por nomes de diversas gerações, tendo participado de gravações ao lado de Carmen Miranda nos anos 1930 e sido gravado posteriormente por nomes como Gal Costa e Casuarina.

É bem diferente dos outros artistas que exploraremos ao longo desse mês. Sambistas como Batatinha, Riachão, Ederaldo Gentil, Edil Pacheco e Tião Motorista, são pouco creditados na história do samba. Muitos deles, parceiros entre si, são comparados à bambas do eixo Rio-São Paulo como Cartola e Adoniran Barbosa.

Quem não se lembra de “O Ouro e a Madeira”, de Ederaldo Gentil? Ou “Vá Morar com o Diabo”, sucesso de Riachão na voz de Cássia Eller? São incontáveis canções com sucesso por vezes creditado aos seus intérpretes.

De todos esses, Tião Motorista é certamente o menos famoso e com mais incógnitas sobre sua história, com poucas informações encontradas sobre. Lançou também apenas 2 álbuns, com destaque para o segundo, “Meu Interior”, que possui uma versão bastante diferente daquela conhecida com “Manhã de Carnaval”. Chama atenção também o dueto com Zilah Machado em “Apesar de Tanto Amor”.

E você, gosta do samba da Bahia? Deixe aqui nos comentários!



Caio Andrade é graduando de História da Arte na Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ) e Assistente de Pesquisa e Comunicação no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) desde 2020. Grande apaixonado por samba, pesquisa sobre o gênero há mais de uma década, além de tocar em rodas e serestas no Rio de Janeiro.

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