Cultura

Biografia de Maricenne Costa, a primeira a gravar Chico Buarque

sexta, 02 de setembro de 2022

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A vida e a carreira da cantora paulista Maricenne Costa merecem essa biografia artística "Maricenne Costa – A cantora de voz colorida" (editora Álbum de Família). Autoria de Elisabeth Sene-Costa e Laïs Vitale de Castro, o livro chega ao mercado com um apanhado das realizações dessa intérprete (também compositora), que fez parte do auge da bossa nova paulista. Representou a música brasileira em Portugal e nos Estados Unidos nos anos 1960. Eclética, trabalhou com teatro, tendo se destacado como atriz. Enfim, Maricenne sempre esteve onde a arte estava.

As autoras precisaram entrevistar uma série de personalidades das artes e da cultura. Músicos, críticos, jornalistas e produtores. Há capítulos que mostram a construção de uma trajetória artística. Entre eles, Atrás do sonho: de Bach a Noel Rosa; Sucesso na terra de Tio Sam; João Gilberto; Amazônia; O quadrilátero da música; Abduzida pelos palcos teatrais; Descobridora de talentos;  O moderno pelo eterno; 'Não importa onde vã'; Bossa Nova e o amor por São Paulo.

Maricenne Costa e Marcus Teixeira - Foto Moisés Santana 

Maricenne, que é natural de Cruzeiro (SP), tem carreira pautada pela diversidade. Começou nos anos 50, e um dos prêmios foi o concurso nacional 'A Voz de Ouro ABC'. Integrou-se ao movimento bossa nova. Foi acompanhada pelos melhores pianistas da época, como César Camargo Mariano e Walter Wanderley. Viajou para os Estados Unidos para se apresentar, e foi citada na prestigiada revista DownBeat. Teve na platéia, 'vips' como Tony Bennet, Judy Garland e Eddie Fisher.

Maricenne (e sua voz moderna), em absoluta sintonia com o gênero de João Gilberto e Sylvinha Telles, foi apresentada a Walter Wanderley, tornando-se uma das 'vozes' da bossa nova paulista, ao lado de Claudette Soares e Alaíde Costa, atuando em casas como João Sebastião Bar, Cambridge Hotel, Captain’s Bar e programas de TVs. Gravou discos com repertório de Tom Jobim, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Walter Santos, Peri Ribeiro e outros. Foi a primeira cantora a registrar em disco uma música de Chico Buarque, a Marcha para um Dia de Sol (1965).

Nos anos 70, fez teatro e trabalhou com Myriam Muniz, Ricardo Blat e Marcos Caruso, por exemplo. Voltou à música em LPs marcantes como Correntes Alternadas (1992), produzido por Paulo Barnabé, que juntava o punk Inocentes e o rap do Moleque de Rua à ousadia de Tom Zé/Ritchie, e o CD Como tem Passado!! (1999). Neste disco, sucesso de crítica e público, Maricenne, em pesquisa encomendada ao jornalista José Ramos Tinhorão, faz um apanhado dos primeiros ritmos brasileiros gravados. Em 2002, é a vez do show Sábios Costumam Mentir, com a obra de Waly Salomão e com aplauso do próprio.

Em 2005, lançou o CD Movimento Circular, com produção de Tuco Marcondes e Fernando Nunes (da banda de Zeca Baleiro), com músicas inéditas de Fernanda Porto, Moisés Santana e Johnny Alf. "A bossa nova criada em São Paulo, como você nunca ouviu antes", assim pode ser definido o CD Bossa.SP (2009), no qual Maricenne reuniu, pela primeira vez, só compositores que ou nasceram, ou aconteceram em São Paulo. Com produção de Thiago Marques Luiz, e arranjos (e violão) de Marcus Teixeira, trouxe convidados de diferentes gerações como Alaíde Costa, Eduardo Gudim, Moisés Santana e o gaitista Vitor Lopes. A capa de Bossa.SP faz homenagem aos LPs da gravadora Elenco.

Maricenne não se destaca apenas pela impecável interpretação, percorrendo com dignidade artística e rigor estético territórios de técnicas e estilos os mais diversos. Destaca-se também pela escolha do repertório. Há muito tempo realiza pesquisas musicais, em um trabalho pouco usual para profissionais do canto, constituindo, a partir dessa prospecção, a seleção de suas gravações e shows. Seu trabalho constitui preciosas raridades no acervo da MPB.

"Que mensagem linda tem a sua voz... Ela tem cores, Maricenne.
Não cale nunca essa voz colorida." – João Gilberto


Sobre as autoras

Elisabeth Sene-Costa
Irmã caçula de Maricenne Costa, é médica psiquiatra com mestrado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É autora de livros científicos como, ‘Gerontodrama: a velhice em cena' e ‘Universo da Depressão: Histórias e tratamentos pela psiquiatria e pelo psicodrama’.
Desde criança se envolveu com os sons musicais. Havia um piano em casa, a mãe é quem tocava. Por ser a caçula, conviveu com a criatividade de Maricenne que, mesmo ainda não profissional, cantava, inventava instrumentos. Apesar de amar música, chegou até a ter aulas de piano e violão, nunca quis ser profissional. A ciência e a paixão pelos estudos médicos falaram mais alto.
Já morando em São Paulo, nos anos 1960, no auge da Bossa Nova, acabou convivendo com a fina flor dos músicos da época, já que freqüentava os shows com Maricenne.
Seu gosto vai de Pixinguinha a Emicida, passando pelos eruditos, além de Sylvinha Teles, João Gilberto, Caetano Veloso, Rita Lee, Iza e Ana Cañas.
Neste livro, Elizabeth acha que mais que um carinho, é um prazer registrar essa trajetória artística tão rica. É um dever e uma homenagem.

Laïs Vitale de Castro
É jornalista desde os 21 anos, escritora, autora dos livros ‘Um Velho Almirante e Outros Contos’ (2006), ‘Sirva o coração em bandeja de cristal líquido’ (2011), ‘Passarada Liberdade’ (2012), e várias outras publicações. Até 2018 assinou seus livros e textos como Laïs de Castro.
Trabalhou 18 anos na editora Abril, tendo sido repórter das revistas ‘InTerValo’ e ‘Cláudia’, e diretora da ‘Boa Forma’. No período da revista ‘InTerValo’ teve a oportunidade de cobrir os festivais de MPB da TV Record, onde pôde conhecer Maricenne Costa, entre outros cantores e compositores.
Atuou ainda na Carta Editorial, nas Editoras Azul, Símbolo e Escala tendo sido diretora de redação das revistas ‘Vida Executiva’, ‘Barbara’ e ‘Dieta Já’.
Ganhou três vezes o Prêmio Abril de Jornalismo, o Concurso de Contos Infantis no Estado do Paraná e o Concurso de Contos Curtos da Cidade de Porto Seguro, entre várias outras participações em eventos nacionais e internacionais.
Diz que gosta de Maria Odete, Elis Regina, Maria Alcina e Milton Nascimento, dentre outros.
A experiência em jornalismo fez com que Laïs conduzisse, com critério e elegância, as entrevistas para o livro de Maricenne, de quem é admiradora.

Livro – Maricenne Costa – A Cantora de Voz Colorida
Autoras: Elisabeth Sene-Costa e Laïs Vitale de Castro
Editora: Álbum de Família –  contato: elisabethsene@terra.com.br
Preço: R$ 40,00 (edição PB) a R$ 60,00 (edição colorida)
 

Encaminhado por Tambores Comunicações


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