Supersônicas

Borghetti e Yamandu incendeiam a música do Mercosul

por Tárik de Souza

quinta, 04 de janeiro de 2018

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Enfim, registrado em CD e DVD, o encontro de dois celebrados virtuoses gaúchos – Renato Borghetti, gaita ponto, a sanfona local, e Yamandu Costa, violão de 7 cordas -  amigos de longa data e companheiros de palcos de vários shows.

“Borghetti Yamandu – O filme” (Natura Musical) é um documentário musical dirigido por Rene Goya Filho, produzido pela Estação Filmes, que começou a ser gerado em 2001, num estúdio em Porto Alegre, com a faiscante dupla central, mais Daniel Sá (violão) e Guto Wirtti (contrabaixo). Foi finalizado em fevereiro de 2017, na fazenda de Borghetti, em Barra do Ribeiro, banhada pelo Rio Guaíba, com chimarrão e fogo de chão.

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Os dois ases instrumentais transitam com fluidez entre a cultura urbana e a pampeira, com passagens pelo folclore. “Muito antes do Mercosul, já estávamos ligando as músicas da região”, comentou na gravação Borghetti, que, como Yamandu, tem um extenso currículo de turnês fora do país. “È difícil explicar no exterior que o Brasil não é só o país do samba”, admite.

O repertório do DVD/CD alista vigorosos chamamés, “ritmo argentino incorporado pelos gaúchos”, decifra Yamandu. É o caso de “La casa del chamamé”, do local Antonio Tarragó Ros. Mas há também um trio de rancheiras (“Rancheirinha”, de Geraldo Flach, “Terça feira”, de Alegre Correa e “Rancheira para Don Carlos”, de Rafael Koller) e um quarteto folclórico, que abarca dos temas de domínio público “Prenda minha”, “Balaio” e “Chula” ao “Hino ao Rio Grande” (Simão Goldman), estado celebrado ainda no regulamentar “Hino Riograndense” (Joaquim José de Mendanha/ Francisco Pinto da Fontoura). Do maestro argentino Mariano Mores, o “Taquito militar”, repleto de acidentes e quebradas, tornou-se milonga favorita dos instrumentistas acrobatas. Yamandu conta que antes de encarar o desafio, o maestro Paulo Moura fez um bem humorado apelo: “Será que podemos tocar essa música um pouco mais lento? Afinal somos amigos!” (risos).

A dupla à frente do quarteto não alivia seus alinhavos vertiginosos ou líricos, em autorais de Borghetti (“Iaiai”, “”Pedro no sapato”, “Sétima do Pontal”, com Veco Marques, “Pulo do grilo”, “Fronteira”, ambas com Daniel Sá) ou alheias, de Alegre Correia (“Laçador), Frutuoso Araujo e Edson Dutra (“Redomona”). O encontro “Borghetti Yamandu” é centelha pura. 


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