Supersônicas

Caio Prado faz jus ao título do novo disco, “Incendeia”.

sexta, 02 de março de 2018

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Após a estréia com “Variável eloquente”, em 2015, o carioca do Realengo Caio Prado desembarca o novo disco, “Incendeia” (Maianga Discos), produção do consagrado Alê Siqueira. Dividindo-se entre a carreira solo e o trio queer Não Recomendados (com Diego Moraes e Daniel Chaudon), Caio também exercita o talento autoral. Sua música “Não recomendado” fará parte do novo disco da diva Elza Soares, depois de ter sido cantada no último Rock In Rio por Johnny Hooker, Almério e Liniker.

“Preciso aceitar que muita gente se sente representada por mim. Isso me traz uma tranqüilidade de estar no lugar certo e também a urgência de fazer um trabalho foda. As pessoas estão esperando alguma coisa que saia da bolha, que extrapole”, detona ele.

De vocal equilibrado em timbres cambiantes, Caio não mede palavras. Um dos primeiros singles do novo disco prega sem eufemismos: “É proibido estacionar nas covas/ drogas da cidade/ é proibido estacionar nas trevas/ becos da vaidade/ é proibido estacionar bebendo a vergonha da massa/ estacionada na merda”. Aberto por um pungente depoimento infantil, “Personagem entojado” fulmina: “Esse é o traficante do dia/ oi, veio escravizar teu direito e vontade/ oi, ele tem o cinismo da impunidade/ tem certos crimes que eu faria questão de cometer/ que tal matar você, personagem entojado?” Além da indignação social, “Incendeia” carrega nas tintas eróticas como na requebrada faixa título, ornada por corinho eletrônico no refrão: “é sempre um ritual antropológico/ e pouco lógico/ quando eu caço com você”. De ritmo marcado, “Turbilhão” sublinha, “Amor seduz/ teu gozo é meu ofício/ eu te amo mais/ do que teus amores carnais”. Com participação especial da cantautora paulistana Maria Gadú, “Nossa sorte” surpreende pelo clima onírico (“brincar de ceder/ regar o caos/ transar o bem/ educar o ciúme”). E Caio subverte qualquer expectativa na faixa final, escoltado por berimbaus e o sampler folk das Ganhadeiras de Itapuã, na releitura de “Zera a reza”, de Caetano Veloso, do disco “Noites do norte”, de 2000.

“Caetano é minha maior referência musical. Pela maneira como compõe, ora essencial, pensando no ser humano, ora falando direto com as massas”, elogia o solista.

O disco completo chega às plataformas digitais nesta sexta, 2 de março, e os shows de lançamento estão previstos para abril no Rio e em São Paulo. 


Fonte da Imagem: Rádio Lider FM | Capa do álbum "Incendeia". Design: Estúdio Mezanino; Fotografia de Rafo Coelho


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