Tema do Mês

Compositoras Incríveis da MPB

Por Ana Carolina Alvarenga

sexta, 01 de março de 2024

Compartilhar:

IMMuB celebra as grandes compositoras brasileiras no mês de março

Começa hoje o mês que celebra a busca por igualdade de direitos e oportunidades entre gêneros, com o Dia Internacional da Mulher no dia 8 de março. Em celebração dessa data tão importante, escolhemos como nosso tema do mês uma homenagem às compositoras incríveis da nossa música popular brasileira. 

Em todos os temas do mês, sempre destacamos a ideia da preservação da memória. Nesse em especial, a memória de quem luta e lutou contra o machismo presente no cenário musical. Elas já são apagadas constantemente nos palcos, mas, quando nos aprofundamos no processo de criação, focando em quem está ali no backstage, a situação se agrava. Apenas 12,3% entre todos os nomes creditados em composições eram mulheres (a pesquisa levou em conta o recorte de cerca de 700 hits de sucesso lançados entre 2012 e 2018). Já dentre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, só 13 são do sexo feminino. Essa problemática se acentua quando consideramos questões como racismo, homofobia, transfobia, gordofobia, etarismo, xenofobia e outros tipos de preconceito, que pioram ainda mais a ascensão de compositoras. 

Entretanto, elas conseguiram fazer uma marca notável. Chiquinha Gonzaga, autora de uma das mais populares marchinhas de carnaval, abriu alas para que outras figuras fossem inseridas no contexto da composição. Artistas multifacetadas, com capacidade de cantar, compor e tocar instrumentos, como os exemplos de Dolores Duran e Rosinha de Valença, foram ganhando cada vez mais destaque. 

As mulheres então adentraram o cenário da MPB. Por volta dos anos 70, nomes fortes surgiram com versos marcantes e memoráveis. Fátima Guedes iniciou nas trilhas sonoras do teatro com “Onze Fitas” e “O Dia de Caça”, e logo chamou a atenção da célebre Elis Regina. Sueli Costa foi autora de baladas para novelas como Gabriela e Bravo, e tem mais de 600 fonogramas atribuídos à suas composições. Joyce Moreno alcançou tanto o cenário nacional quanto o internacional por meio de suas charmosas letras. No início dos anos 90, os estilos variados de Adriana Calcanhotto e Marisa Monte começaram a ter visibilidade. 

E as personalidades femininas estão nos mais diversos gêneros musicais. Nos batuques do samba, Dora Lopes, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara foram pioneiras na composição em um universo considerado até então unicamente masculino. Inclusive, Ivone Lara revolucionou como a primeira mulher a assinar um samba-enredo, além de ser pioneira na Ala Dos Compositores da Império Serrano, inspirando ícones como Leci Brandão, outra precursora na Ala dos Compositores

Já no sertanejo, vozes como de Roberta Miranda e Marília Mendonça, brilharam com suas personalidades únicas e modões autorais. Na bossa, temos Alaíde Costa, que escreveu sua própria história e mudou o cenário composto quase somente por compositores brancos . No forró, temos figuras como Anastácia e Rita de Cassia. Quando se trata de rock nacional, é quase impossível não citar o todo autoral “Admirável Chip Novo”, de Pitty, ou a relembrar a época em que Rita Lee cantava e escrevia para  Mutantes e Tutti Frutti. E não podemos esquecer do rap, gênero que ganhou total notoriedade no Brasil por volta dos anos 80/90, e que hoje inicia um movimento de maior inclusão na cena. 

Ao destacarmos a preservação da memória, reconhecemos a luta contra o machismo no cenário musical, onde as mulheres enfrentam obstáculos para ter seu trabalho reconhecido. Do samba ao rock, as compositoras brasileiras deixam um legado de talento e perseverança, desafiando estereótipos e inspirando gerações futuras.

Confira a playlist baseada em nosso tema do mês clicando AQUI


Comentários

Divulgue seu lançamento