Davi Moraes viaja em torno das guitarras em “Tá em casa”
por Tárik de Souza
Filho do novobaiano fulcral Moraes Moreira, Davi Moraes, em 15 anos de carreira lançou dois discos (“Papo macaco”, 2002, “Orixá mutante”, 2004), dividiu um com o pai (“Nossa parceria”, 2015) e agora chega ao terceiro título solo, “Tá em casa” (Deck). A mulher, Maria Rita (filha de Elis Regina) participa de uma das faixas, o dueto amoroso “Só nós dois” (do solista e Adriana Calcanhotto), entre a canção e o bolero.
Mesmo nascido no Rio, que celebra no samba choro com teclados (do co-autor Fernando Moura) “Tarde em Botafogo”, Davi mantém a via direta com a Bahia, de Marcio Victor (Psirico), no afoxé inaugural, “Vem de Malê”, parceria com Peu Meurray e Samir: “Vem toda de branco/ batendo tamanco/ me diga o que é/ é de candomblé”. “Rio Vermelho” (com Quito Ribeiro), a partir do título, é mais um aceno à baianidade, com a adesão do astro da axé music, Saulo Fernandes. O funk matricial marca presença em “L&R” (outra parceria com Moura), homenagem à lendária dupla Lincoln Olivetti & Robson Jorge, e “Menina do gueto” (outra com Samir), aberta numa batucada. “Cutuca” (dele com Fred Camacho e Marcelinho Moreira), já gravada por Maria Rita, ateia samba no recheio, que tem ainda carimbó e merengue, em “Do Caribe” (Moraes/Moura/Guilherme Maia/ Rodrigo Campello), trançado pelas guitarras de pai e filho paraenses, Manoel e Felipe Cordeiro, baixo de Kassin e bateria do aclimatado francês Stéphane San Juan. Tudo termina em frevo pernambucano, do grande mestre Capiba, “Recife, cidade lendária”, mas numa pegada ralentada, onde conjugam-se os timbres de Davi (violão e guitarra) e Jaques Morelembaum (cello), numa tessitura inusitada.
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