Entrevista

Entrevista Exclusiva: Marina Lima comemora aniversário no palco do Circo Voador e 40 anos de estrada

por Mila Ramos e Caio Andrade

terça, 13 de setembro de 2022

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Marina Lima consolidou-se como uma das principais articuladoras do pop brasileiro. A cantora e compositora carioca conseguiu uma simbiose entre o Pop e a MPB, misturando soul, funk e música eletrônica. Suas composições são marcadas por sofisticação harmônica, belas melodias e discos de grande sucesso como “Próxima Parada” e “Virgem”.

Inteligente, sexy e contra qualquer caretice, Marina Lima segue gravando (como o excelente EP "Motim") e agitando os palcos pelo Brasil afora. E a próxima parada já tem data pra acontecer. Sábado, 17 de setembro, no dia do seu aniversário, a cantora faz um showzaço no Circo Voador cheio de hits navegando pelos seus mais de 40 anos de estrada.

Após dois anos longe dos palcos – e com um adiamento do show por motivo de saúde –, Marina Lima finalmente apresenta seu novo show aprumado pelo mar de hits que colecionou em mais de quatro décadas de carreira. O repertório foi especialmente definido a partir da relação afetiva que seus fãs mostraram ter com suas canções durante a pandemia, ao recorrer a seus sucessos em playlists, festas particulares e momentos de recolhimento.  

Nesse show, Marina sintoniza com todas as suas ondas. Agradece as gerações que a acompanham desde o início, com hits clássicos como “Fullgás”, “Uma Noite e Meia” e “À Francesa”, e acolhe aquelas que passaram a segui-la mais recentemente, com canções do novo EP Motim. Diversa, navega por vários moods de sua música, que vai desde baladas românticas, como “Acontecimentos” e “Pessoa”, a canções libertárias, como “Pra Começar” e “Mãe Gentil”.  

Para arrematar essa retomada de fôlego, Marina é acompanhada por uma nova banda, formada por Gustavo Corsi (guitarra), Alex Fonseca (bateria e programação) e Carlos Trilha (teclados e programação). 

SERVIÇO
MARINA LIMA | “Nas Ondas da Marina”
E mais: Giovani Cidreira e DJ Bruno Caveira
Data: Sábado, 17 de setembro de 2022
ABERTURA DOS PORTÕES: 22h
Garanta já o seu ingresso (clique aqui)


Em uma entrevista exclusiva ao IMMuB, Marina Lima relembra algumas histórias dos seus 40 anos de carreira e conta sobre a expectativa para seu show no Circo Voador. Confira abaixo:

IMMuB: O show que vai acontecer no Circo Voador, dia 17 de setembro, inicialmente estava previsto para junho deste ano. Isso de certa forma só aumenta a expectativa?

Marina Lima: Olha, eu acho que sim. Porque o fato de ter adiado cria uma expectativa no público e em mim também. E no fundo eu acho bom porque o público tem tempo pra se preparar, pra poder separar o dia, o dinheiro, tudo, pra poder assistir ao show. No Brasil, as pessoas têm o dinheiro todo contadinho, sabe? A gente calcula, programa tudo. Então, de certa maneira, ter adiado, mesmo que tenha sido por Covid, dá mais tempo para as pessoas se programarem para assistir o show. E isso pra mim é uma boa coisa.


IMMuB: Depois de dois anos longe dos palcos devido à pandemia, esse retorno gradativo fez com que você mudasse alguma coisa na sua rotina e preparação de shows?

Marina Lima: Na realidade, a rotina de preparação é bem parecida. A única diferença é que eu moro em São Paulo e a minha banda é do Rio, então em todo show gravado eu fico ensaiando sozinha e não com a minha banda. Conforme for, encontro a banda uma ou duas vezes antes do show e ensaio presencialmente esses dois dias. O que mudou foi isso, não só devido à pandemia, mas porque minha banda é do Rio e eu de São Paulo. Então tem aí uma logística que preciso fazer melhor, mas de resto é tudo igual.


IMMuB: Nesses 40 anos de carreira, o que mais te marcou em um show? Alguma situação inesquecível?

Marina Lima: O que sempre me marca e me surpreende, me dá uma alegria danada, é o entusiasmo do público com as minhas canções. É sempre uma alegria ver que essas canções que eu fiz e faço ainda tocam a vida e o coração das pessoas. Isso pra mim é a coisa mais gratificante em show e na minha carreira. É uma conexão que eu tenho do meu trabalho com a minha vida e do meu público. Eu tento cantar e compor de uma maneira pra cima, porém realista e bacana a vida da gente. E eu sinto que essa trilha sonora que eu faço agrada e ajuda as pessoas. Isso é o que mais me alegra.


IMMuB: Você tem feito bastante show acompanhada por uma nova banda, agora pequena. De onde partiu essa decisão? Você sente alguma diferença?

Marina Lima: Já tem algum tempo que eu tenho bandas pequenas, de dois, três elementos. Então agora tenho três pessoas do Rio e isso muda um pouco a logística, mas são grandes músicos que tocam comigo e sempre que os encontro é um prazer enorme.


IMMuB: Você afirmaria que a música salva? Ela de alguma forma te salvou?

Marina Lima: Eu acho que a música salva, no meu caso que trabalho com música. Mas eu acho que a cultura, que a arte, salva. Porque a arte e a música inventam pra nós soluções e saídas que não estavam inimaginadas. Então a arte é um acalanto, a música esquenta a nossa vida e é uma companhia pra fazer a gente seguir. A arte e a Cultura são muito importantes na vida da gente.


IMMuB: Neste momento especial, a turnê “Nas Ondas de Marina” dá continuidade à celebração de toda a sua obra como cantora, compositora e arranjadora, sintoniza todas as suas ondas sonoras, ondas de sentimentos e emoções. Você o sente, agora, como uma restauração num banho de mar ou como uma retomada de fôlego neste momento pós-pandêmico?

Marina Lima: O mar sempre me restaura a energia, sempre me dá energia. Água salgada, essa junção do sol com o mar, essa relação com a natureza - principalmente com o mar -, porque meu signo é terra, então eu preciso me banhar, me aguar, pra poder ser menos dura, mais maleável. E "Nas Ondas de Marina", é tanto o mar, quanto as ondas sonoras, as ondas do rádio, as ondas que eu crio, as loucuras que eu crio, é a minha cabeça. Nesses quarenta e poucos anos, eu tive várias fases, então tento pescar o melhor de cada uma e mostrar a minha carreira como um todo. E tem dado certo.

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IMMuB: Recentemente, você parabenizou em seus perfis nas redes sociais a cantora Anitta pela sua conquista no MTV VMA, um dos mais importantes prêmios da música internacional. Como você enxerga essa nova geração de artistas mulheres e a transgressão de padrões? É parecido com o que já ocorreu com artistas como você?

Marina Lima: Eu acho que cada geração precisa de um tipo de transgressão para o mundo continuar andando, evoluindo, e ficando progressista. Então, a Anitta e a geração dela plantaram várias coisas para modernizar o mundo, a mulher, poder tornar a mulher mais independente, dona do seu próprio nariz, com autonomia. Todo esse discurso feminino é muito importante. E isso mudou o equilíbrio todo do poder e está mudando, porque as mulheres estão cada vez mais em todos os lugares. Eu aplaudo isso. Não quer dizer que eu goste tanto propriamente do estilo ou da música, mas quanto mais trabalhos assim empoderarem a mulher, mais eu aplaudo.


IMMuB: Você é uma artista que sempre pede por mudanças no Brasil em canções, fez e/ou cantou músicas com temática militante e críticas a comportamentos conservadores. Como você vê esse espaço e os avanços da nova geração tratando questões de liberdade sexual e de gênero, pautas LGBTQIA+? Você se sente de alguma forma pioneira e abrindo caminhos para esses novos artistas?

Marina Lima: Essa questão é a evolução do tempo. Eu acho que com certeza eu abri várias questões para ajudar as pessoas mais novas hoje em dia a pegarem e levarem adiante a partir de um ponto que eu levei, que eu trouxe, mudando o ponto de partida novamente, assim como outros artistas fazem. E essas pessoas de hoje em dia também serão daqui a alguns anos ponto de partida para uma geração ainda mais nova que virá que também vai fazer o mundo evoluir a partir de coisas que foram abertas por essa geração.

O tempo não para, se renova sempre. E daqui a pouco a própria geração de mulheres que agora estão à frente, serão uma escada para outras que virão. E outras pessoas, questionando outras coisas, a partir de um ponto já mais aberto no mundo. Cada hora vem uma geração nova, progressista, que abre mais o espaço para as novidades, as liberdades, e cada geração nova que chega faz isso. Virão outras mais modernas, a vida é assim.


Nós da equipe IMMuB agradecemos o carinho da assessoria do Circo Voador e da Marina Lima pela entrevista gentilmente cedida.


Fotos: imagens cedidas pela assessoria/Divulgação


Mila Ramos é fascinada por música e foi em seu trabalho com bandas cover em 2012 que encontrou uma nova paixão: o Music Business. Especializou-se em Marketing e Design Digital pela ESPM-RJ e somou seus conhecimentos ao mundo musical como Produtora Artística. Em 2017, entrou para o Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB). Lá chegou ao cargo de Coordenadora de Comunicação e, sob sua gestão, conquistaram o Prêmio Profissionais da Música 2019, e o Programa Aprendiz esteve entre os finalistas de 2021.

Caio Andrade é graduando de História da Arte na Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ) e Assistente de Pesquisa e Comunicação no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) desde 2020Grande apaixonado por samba, pesquisa sobre o gênero há mais de uma década, além de tocar em rodas e serestas no Rio de Janeiro.

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