Supersônicas

Enzo Banzo desvenda a “Canção escondida” nos versos de poetas diversos

quarta, 21 de março de 2018

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Integrante do grupo mineiro Porcas Borboletas, o músico e escritor Enzo Banzo no CD Canção escondida(Matraca Records), produzido por Saulo Duarte, propõe-se a desvelar a música que existe nos poemas de autores diversificados.

Do conterrâneo célebre Carlos Drummond de Andrade, extrai a balada candente “Perturbação” (do livro “Farewell”, de 1996), assim como o vate lusitano Luiz Vaz de Camões propicia “Tanto de meu estado me acho incerto” (soneto do século XVI), flutuando entre o tango e a latinidade, flambado por solo de guitarra. Há parceiros mais contemporâneos como Arnaldo Antunes, do encordoado (pelo próprio Enzo) “Eu”, do livro “As coisas”, de 1992: “Debaixo do meu pé cimento e debaixo do cimento terra e sob a terra petróleo correndo e o lento apagamento do sol por cima de tudo”. Um refrão pop no folk rock, palmilhado por bongôs cintila em “Acabou o champagne”, de Clara Averbuck, do livro “Toureando o diabo” (2015). O ás do hai kai, Paulo Leminski, parodia os Rolling Stones no sucinto “It’s only life/ but I like it/ this is life/ it’s not rock’n’ roll”.  Uma leve textura de violão e piano recobre “Do jeito que você queria”, de Alice Ruiz (do livro navalhanaliga, de 1980) e um samba assimétrico ginga no poema “Poesia concreta”, do livro “Djanira na janela e outros poemas”, de 2009. “Escondido”, do próprio Enzo Banzo (do livro “Poesia colírica”, de 2014) resume a proposta estética: “Escondido/ atrás do seu ouvido/ quis dizer/ o que sempre quis dizer/ e não disse/ pois basta estar/ escondido atrás do seu ouvido”.   


Fonte da imagem: YouTube | Reprodução

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