Supersônicas

“Feita na pimenta” arde e provoca com a maranhense Alexandra Nícolas

terça, 27 de março de 2018

Compartilhar:

Alexandra Nícolas levou 20 anos de carreira para gravar o primeiro disco – e não foi qualquer um. “Festejos” (Acari, 2013) celebrava o universo feminino, a partir do repertório do carioca Paulo Cesar Pinheiro. Já tinha seu sotaque nordestino. Afinal, Alexandra nasceu em São Luís, Maranhão, começou a cantar ao 12 anos, e na adolescência liderava a banda Hocus Pocus.

Feita na pimenta (Independente/ Tratore) o novo disco, produzido por ela e Martin Messier, com produção musical e arranjos do violonista João Lyra, é nordeste na veia. Ou como escreveu o conterrâneo Zeca Baleiro no encarte, “’Feita na pimenta’ nos remete a um tempo de delicadeza da música popular, como se estivéssemos ouvindo o alto falante de um arraial perdido na memória. O repertório homenageia o forró e suas variações possíveis, aqui e ali flerta com carimbó, coco, tambor de criola e maxixe”, enumera.

O próprio Baleiro dueta com Alexandra, na parceria dele com Anastácia, o xote “Teu”, incluída no roteiro: “Me leva contigo/ me faz cafuné/ cola no meu corpo pega no meu pé/ use e abuse desse meu chamego/ me leve todinho pro seu aconchego”. Chamego, aliás, é a palavra chave do disco pelas letras sensuais e convidativas (“Chamego encantado”, “Tá pegando fogo”, “Serenin”) e também o homônimo subgênero, entre os muitos lançados pelo rei do baião Luiz Gonzaga, por sua vez, exaltado em “Preta Chica” (Paulo Cesar Pinheiro/ Roque Ferreira): “Escutando o órgão da igreja/ pensou que era o fole do Rei do Baião/ Viva São João, viva São João/ depois correu pro altar/ e cantou um forró do Gonzagão”. Com sua voz espontânea, levemente rouca, a cantora também evoca a pioneira forrozeira pernambucana Marinês (Inês Caetano de Oliveira, 1935-2007), primeira face feminina de relevo no setor. E vai fundo em “Clichê de Forró” (João Lyra/ Adelson Viana), “Forrobodó” (Betto Pereira), “O sucesso da Zefinha” (Anastácia), “Sanfoneiro toque” (João Lyra/ Joana Lyra). E ainda diversifica, no ralentado “Segredo do coco” (João Madson) e no embolado “Coco fulero” (João Lyra/ Zeh Rocha), atravessado por guitarra, com letra certeira: “a cambada de canalha/ empresário de cangalha/ na Papuda dá mais não/ emparelhado coco/ sem rima eu deixo/ mexe-mexe quebra-queixo/ fulero, voto mais não”. 


Fonte da imagem: Site da cantora Alexandra NícolasTratore | Foto de Capa do álbum "Feita na Pimenta"

Comentários

Divulgue seu lançamento