Cobertura IMMuB

Goldherança: os herdeiros somos nós

por Caio Andrade

quinta, 05 de maio de 2022

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“Família que canta unida permanece unida”. Esse foi o lema do show Goldherança, com os Golden Boys, Evinha e Trio Esperança no palco do Teatro Rival Refit do último dia 29 de abril, sexta-feira. Os irmãos, que começaram a trilhar seus caminhos há mais de 50/60 anos, apresentaram em cerca de duas horas de show grandes sucessos das respectivas carreiras: “Festa do Bolinha”, “Arrasta a Sandália”, “Casaco Marrom” e “Alguém na Multidão" foram apenas alguns deles.

Cinco dos seis irmãos - Renato, Mário e Ronaldo, atualmente integrando os Golden Boys, e Evinha, Mariza e Regina, atualmente no Trio Esperança - se apresentaram com casa cheia e um público cantante do início ao fim. A atmosfera era leve e descontraída e em palco eles pareciam estar muito à vontade, contando também algumas histórias entre uma canção e outra. Regina, infelizmente, não pôde estar presente por razões de saúde, não tendo sequer saído da França, onde reside. Evinha confirmou que ela está bem, o médico que não permitiu a viagem.


Entre um bom bate-papo e canções memoráveis, o repertório do espetáculo contou 23 músicas, desde as mais famosas dos anos 1960 como “O Passo do Elefantinho” e “Erva Venenosa” até outras não tão conhecidas, como é o caso de “Watashi”. Alguns destaques pouco associados à família Correa também foram lembrados, como é o caso de “Mais Uma Vez”, gravada por Marizinha no fim dos anos 1970, “Anjo”, sucesso do Roupa Nova, e “Doce Mel”, eternizada na voz de Maria da Graça Meneghel, a Xuxa. Todas essas três têm Renato como um dos compositores.

Outro momento que vale destaque foi Evinha cantando “Deixa Chover”, de Guilherme Arantes, junto dos netinhos. As crianças, que não falam português, estavam presentes no show e foram convidadas por ela para subir no palco e dar uma palhinha ao lado da vovó. Com diversos membros da família presentes, tínhamos: no baixo, Beto Filho (filho do falecido Roberto Correa); na guitarra, Rodrigo Saldanha e na bateria, Diego Saldanha (filhos de Renato Correa); no violão, Bruno Galvão (filho de Mário Correa) e nos teclados o maestro Gerard Gambus, marido de Evinha, que também cuidou da direção do espetáculo. 


Abriram o espetáculo com “Andança” e iriam encerrar com “Erva Venenosa”, não fosse a plateia inteira pedindo bis. Depois daquela tradicional apresentação da banda e os cantores se prepararem para descer do palco, retornam cantando “Andança” novamente. Fim do show, acendem-se as luzes e rapidamente uma multidão faz fila para tirar fotos, abraçar, enfim, fazer  todas aquelas tietagens que eles tanto merecem.

Ronaldo, conversando com uma fã sobre esse carinho do público, que lota os espetáculos e pede sempre mais, chega a dizer: “a gente se sente na responsabilidade de fazer o melhor possível”. E, mais uma vez, fizeram. A “gold herança”, na verdade, é do público, que herda toda memória musical deles e ainda transmite para as próximas gerações. Quer fortuna maior do que essa?

A equipe do IMMuB agradece toda disponibilidade do Teatro Rival Refit em nos ajudar com essa primeira cobertura do ano. Que seja a primeira de muitas! Um agradecimento em especial também à Sheila Gomes e Flávio Loureiro.


Fotos de Mila Ramos


Caio Andrade é graduando de História da Arte na Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ) e Assistente de Pesquisa e Comunicação no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) desde 2020Grande apaixonado por samba, pesquisa sobre o gênero há mais de uma década, além de tocar em rodas e serestas no Rio de Janeiro.

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