Homenagens
Álbum de Noca da Portela
Aos 83 anos de idade e 62 de samba, o mineiro de Leopoldina, Osvaldo Alves Pereira, no Rio desde os 5, perpetuou sua fama entre os bambas como Noca da Portela. Autor de sambas enredo para várias escolas (Paraíso do Tuiuti, Portela, Unidos do Catete) e blocos (Cacique de Ramos, Barbas, Simpatia é Quase Amor) e de outros clássicos de “meio de ano” como “Virada”, “A alegria continua”, “Dinheiro vem, dinheiro vai”, “É preciso muito amor”, “Ilumina”, “Eu sou favela”, “Mil réis”, “Vendaval da vida”, ele volta ao disco em “Homenagens” (Independente).
Com arranjos e regências de Mauro Diniz, filho de outro ás, Monarco, gravado no Estúdio Méier, em dezembro de 2015, o CD traz loas de Noca a São Paulo (“Terra boa”), Bahia (“Maravilhado”, com intromissões de samba de roda) “Brasilia” (“feita de sangue e suor/ feita de sonho por dentro/ feita de dor ao redor”), com Sérgio Fonseca, o calangueado “Êh Êh Êh Minas Gerais” (com Colombo) e “Exaltação ao Rio” (com Arnaldo Niskier e Riko Dorileo), no formato samba enredo.
Do auto elogio “Velho menino” (“Não são dez, não são vinte/ não são trinta, nem quarenta/ esse velho menino já emplacou oitenta”) a “Obrigado meu samba” (com o neto, Diogão Pereira e Sérgio Fonseca), o reconhecimento ao gênero centenário: “Tudo que a vida me deu/ eu devo ao samba”.
“Abraço afro” (Diogão e Rafael Massoto) exalta figuras da negritude: Paulo da Portela, Martin Luther King, Nelson Mandela, Cartola, Barack Obama, Zumbi, Alcione, Teresa Cristina e Lecy Brandão, além de Dona Ivone Lara, em rara parceria com o solista, no inesperado “Basta papai”.
Outro parceiro surpreendente é o Nelson Cavaquinho de “Coração vadio”, composto segundo Noca, “em meio a um porre, na Praça Tiradentes, 45 anos atrás”. Ainda há espaço para louvar as artes culinárias de Dona Surica da Portela (“Cabidela”, com Toninho Nascimento) e os reivindicadores “Direitos da mulher” (com a neta Danielle Vilela) e “O dono da jogada” (com Paulinho Poeta): “Chega de tanta panelada/ o nosso bolso sem dinheiro/ e a nossa dívida aumentada/ com tanta fome sem nome/ tanta dor acumulada”.
Comentários