Jogada de Música

Jackson do Pandeiro na mão e a bola no pé

terça, 05 de fevereiro de 2019

Compartilhar:

Quem é aquele moço com o pandeiro na mão? É o Rei do Ritmo, Jackson do Pandeiro, que entre muitos cocos, xaxados, baiões, xotes, arrasta-pés, marchas, frevos e tantos outros ritmos brasileiros louvou o Rei do Futebol cantando os versos de sua composição com Sebastião Batista: “Quem é aquele moço com a bola no pé? É o Rei Pelé”.

http://immub.org/album/nossas-raizes (faixa 7)

No ano em que se comemora o centenário de José Gomes Filho, esse paraibano que nasceu no dia 31 de agosto de 1919, em Alagoa Grande, a Jogada de Música toca de primeira, ora acelerando, ora cadenciando o andamento destas linhas de passe e passo, para um dos maiores instrumentistas brasileiros. Como um apaixonado pelo bom futebol, ele gostava da “Bola de pé em pé”.

Nesta composição também feita em tabelinha com Sebastião Batista, ele se declara ao Flamengo, que havia sido tricampeão carioca, em 1979, dois anos antes da música ser lançada, fechando o LP “Isso é que é forró”. Porém, ele também faz juras de amor a um rival paulista: “Em São Paulo, eu sou Corinthians. Eu adoro o Timão, mas no Rio eu sou Flamengo, Flamengo de coração”. E batia mesmo mais forte no peito dele a paixão pelo Rubro-Negro. Tanto, que em 1965, ano em que o clube conquistou o título carioca do IV Centenário da fundação da Cidade Maravilhosa, ele gravou “Olé do Flamengo”, composição sua com Braz Marques. A música fez parte do LP “Coisas Nossas”, que gravou com Almira Castilho.

https://www.youtube.com/watch?v=dXAnbb9hF5I 

Além das já citadas, Jackson do Pandeiro se mostrou polivalente e inventivo, mexendo no placar das partidas com grande categoria. A mais conhecida dessas músicas é “Um a Um”, coco de Edgar Ferreira que foi regravada com muito sucesso pelos Os Paralamas do Sucesso, no disco “Bora Bora”, de 1988, na voz do também paraibano (de João Pessoa) Herbert Vianna. O Rei do Ritmo, porém, já havia feito com êxito o lançamento desta 34 anos antes, num disco de 78 rotações por minuto (RPM). “Esse jogo não é Um a Um...”   

Em 1957, numa tabelinha muito bem entrosada com Almira Castilho, nosso craque do pandeiro gravou em outro 78 RPM a goleada “Quatro a Um (4 x 1)”, de Damião Florêncio e José Gomes. No ano seguinte, no LP de 10 polegadas (tocado a 45 RPM) “Os donos do ritmo”, a dupla repetiu a jogada e o placar.  

Neste repertório boleiro não poderia faltar a seleção brasileira. E foi com o “Frevo do bi”, de Braz Marques e Diógenes Bezerra, que Jackson do Pandeiro pôs a torcida na expectativa pelo segundo título mundial, que acabaria sendo mesmo conquistado no Chile, em 1962. Na letra desta música gravada em um compacto de 78 RPM, Pelé tem destaque, mas como se sabe, o Rei do Futebol só atuou nas duas primeiras partidas, ficando de fora dos demais jogos por causa de uma lesão muscular. Garrincha, outro citado ao lado de Didi, é que acabou tomando conta de tudo e se tornou o principal jogador daquela inesquecível conquista. “Vocês vão ver como é, Didi Garrincha e Pelé, dando seu baile de bola...”

E para mostrar que sabia torcer - e narrar jogos de futebol -, o nosso grande pandeirista, compositor e cantor, criou em outra parceria com Braz Marques “O bom torcedor”, que faz parte do LP “O dono do forró”, de 1971. Nesta marcha, ele louva torcedores de várias partes do país, declarando-se ao Corinthians, Atlético Mineiro, Santa Cruz e reforçando a sua predileção pelo Flamengo. 

Autor de grandes sucessos, lembrado por outros grandes artistas da MPB, como Zé Ramalho, que em 2010 gravou um CD só com músicas de Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo merece ser sempre lembrado e cantado em qualquer lugar, especialmente nos estádios do nosso país.


Comentários

Divulgue seu lançamento