Jonnata Doll e os Garotos Solventes tem novo disco

Do Ceará, desembarca “Crocodilo” (EAEO Records), segundo disco da banda Jonnata Doll e os Garotos Solventes. Com peso nas guitarras e atmosfera punk na postura e letras, JDEGS, produzida por Kassin e Yuri Kalil, alterna baladas (“Quem é que precisa”, com participação de Dado Villa Lobos, “Drama e terror”, “Já entendi”) e rocks furiosos (“Táxi”, “Swing de fogo”, “Gary”). 

A guitarra de Fernando Catatau (Cidadão Instigado) lubrifica “Cigano solvente”. A faixa título celebra uma dançarina espanhola, paixão de Doll, e incorpora a dança do ventre que ele aprendeu com a diva Lenna Beauty, responsável pela percussão e os “aboios” árabes da faixa. “Apesar de você ter tesão pela vida” injeta boogie no rock, pela slide guitar de Guilherme Cruz, parceiro de Almir Sater. 

Nascido de uma rehab numa chácara da família após a morte de um dos integrantes do grupo, o disco não foge do assunto, como destila a dissonante “Por uma dose de amor”: “sua vida era tão normal, seu namorado tão igual e uma droga pesada realmente lhe faz falta/ ninguém mais tem saco de procurar, sua veias finas podem inflamar/ sua lama é muito chata de filtrar”. 

Também extrema é a confessional “Ruth”: Quebrei tudo na tua casa/ só pra ter que não quebrar minha cara no chão/ você me deu amor de verdade e eu retribuí com traição”. 

Já a fuzilaria punk explícita de “Cheira cola” (“seis reais é o bastante, Cascola, com certeza o melhor inalante/ você diz que isso me faz mal/ derrete o cérebro e coisa e tal”), de uma demo de sua antiga banda Kohbaia, de 2003. Conta a história real de um garoto que morreu cheirando cola no quintal abandonado de um seminário no bairro Álvaro Weyne e virou hino da banda, que finaliza os shows com o refrão ramoniano: “cola para quem tem fome!”