Supersônicas

Joyce desdobra-se em “Palavra e som”

terça, 30 de maio de 2017

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Através de manuscritos encontrados recentemente, Joyce Moreno soube que o poeta tropicalista Torquato Neto gostaria de ter sido seu parceiro. Uma carta poema endereçada a Ronaldo Bastos foi o estopim para o encontro póstumo de assinaturas da carioca e do piauiense, no baião “O poeta nasce feito” (“uma vez em qualquer vida/ as teias que a gente tece/ abrem sempre uma ferida”).

Esta é uma das 13 faixas de “Palavra e som” (Biscoito Fino), o novo disco da compositora, cantora e instrumentista, cujo violão suingante tamborila logo na abertura confessional “No mistério do samba” – ”que manda, que é dono da minha cabeça/ e me ensina a viver”.

O balanço também protesta em “Sambando no apocalipse”: “Se a força da grana mais preta/ maltrata o planeta/ com tanta mutreta/ de quem só quer ganhar”; exalta o bairro que a cantora escolheu para morar (“Humaitá”) e se conecta com o jazz a toda velocidade (“Na 75”) e acaricia alguns ícones, como “Mingus, Miles e Coltrane”: “eu sei que estou perto de quem/ me fez querer voar também/ levando o som mais além”.

No seleto percurso também há espaço para questões sentimentais (“O amor é o lobo do amor”), místicas (“Ave Maria serena”) e mais duas parcerias eloqüentes, com João Cavalcanti, do Casuarina, (“Dia lindo”) e o múltiplo Paulo Cesar Pinheiro, do vertiginoso sincopado de “Casa da flor”. 

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