Jussara e Renato cantam Gal

Tributo a compositores - com revisita às respectivas obras - é o habitual. Mas “Fruta Gogóia” (Selo SESC) celebra o percurso da cantora Gal Costa através de várias fases de seu repertório, em duetos vocais e solos alternados da mineira/baiana Jussara Silveira e do paulista Renato Braz, com arranjos de Dori Caymmi e produção de Luiz Nogueira.

Por acaso, o mesmo Dori foi o arranjador de “Domingo”, o disco de estréia de Gal, dividido com Caetano Veloso, em 1967, mas nenhuma música deste disco pré-tropicalista foi incluída. As escaladas situam-se da tropicália (“Baby”, 1968, “Não identificado”, 1969, ambas de Caetano) em diante, como “Pérola negra” (Luis Melodia), “Vapor barato” (Jards Macalé/ Waly Salomão), “Fruta Gogóia” (folclore pernambucano), as três registradas por ela no emblemático álbum “Fa-tal”, de 1971.

Daí em diante, Jussara e Renato trafegam entre originais e regravações da cantora, incluindo duas incursões de sumidades em trilhas para a obra do escritor Jorge Amado, “Modinha para Gabriela” (Dorival Caymmi, da novela da TV Globo, de 1975) e “Tema de amor de Gabriela” (Tom Jobim, para o filme de Bruno Barreto, de 1983).

Há ainda o ancestral samba canção “Linda flor” (Luiz Peixoto/ Marques Porto/ Henrique Vogeler/ Candido Costa), de 1929, que a baiana registrou em “Todas as coisas e eu”, de 2003, o cálido Lupicínio Rodrigues de “Volta” (1957), incluído em “Índia” (1973) e o abrasivo “Folhetim” (Chico Buarque), de “Água viva” (1978) - as três em devotadas recriações de Jussara.

A voz aguda de Braz afia “Tigresa” (de Caetano, do álbum “Caras e bocas”, 1977) e remansa “Só louco”, de Gal canta Caymmi” (1976). O lançamento do disco será nos dias 8 e 9 de julho, no SESC Vila Mariana, em São Paulo.