Lena Machado instala na ponte São Luís-Rio seu “Batalhão de rosas”
Filha de uma quebradeira de coco, lavadeira e lavradora, D. Aldinha, de quem recebeu as primeiras influencias musicais através da radiola familiar, Aurilene Machado Cardoso, a Lena Machado, maranhense da cidade de Zé Doca, desembarca seu terceiro disco solo.
Depois de “Canção de vida” (2006), dedicado a “canções emblemáticas dos movimentos sociais brasileiros” e “Samba de minha aldeia” (2009), que abordou o samba produzido por compositores maranhenses, o álbum “Batalhão de rosas” (Arapuã) “passeia pela diversidade rítmica do Brasil”.
No instrumental do disco, escudada pelos locais Wendell Cosme (cavaco, produção, direção musical e seleção de repertório junto com a solista), Israel Dantas (violão) e Wesley Sousa (teclados), ela estabeleceu uma ponte São Luís-Rio com as participações de Jamil Joanes (baixo), Jorginho do Trompete, Pretinho da Serrinha, JP, Wanderson Silva (percussões), Marcelo Braga (sax) e Rui Mário (acordeon).
No repertório, o irrequieto xaxado “Namorada do cangaço”, vadeado pelo violino do francês radicado aqui, Nicolas Krassik, cita na abertura “um bolero de Waldick Soriano” e constata: “a polícia se espalhou no mundo inteiro/ e até hoje vive atrás de cangaceiro”. A composição é do mesmo Cesar Teixeira do “Boi de Medonho” (“no peitoral flor de malacacheta/ são pretas as índias do Brasil”) e do satírico samba “Flanelinha de avião”, cerzido pelo violão sete cordas do virtuose Rogério Caetano: “Chega de ser frango de despacho/ um par de asas vou encomendar/ o anjo da guarda vai me assessorar/ se ao primeiro emprega a NASA for me contratar”.
Rogério ainda terça cordas com Yassir Chediak (viola) no samba de roda “Sete ervas” (André da Mata/ Zé Catimba). Voz maleável, Lena sincopa o coco “Asas da paixão“ (Joãozinho Ribeiro) e espalha-se ainda no bolero do conterrâneo Zeca Baleiro (com Swamy Jr): “O amor é dente que morde/ o ódio é boca banguela/ tem nego preso na rua/ tem nego solto na cela”.
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