Prosa & Samba

Marco Mattoli e o Clube de mil balanços

segunda, 08 de agosto de 2022

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“Subi o morro 
 Subi cansado 
 Pobre de mim
 Pobre de nada
 Morro do medo
 Morro do sonho
 Morro do sono
 Morro do asfalto”

Trecho de “O Morro não engana” de autoria de Luiz Melodia & Ricardo Augusto.


Nos mais tortuosos morros da Cohab (Cohab Padre José de Anchieta), um jovem de rabo de cavalo, preenchia seu tempo com músicas dos anos 70/80 que ninguém queria ouvir mais… Para muitos naquele início de anos 90, esse ritmo já estava batido, era uma nova era, um novo tempo, mas para este jovem ali era a fonte sagrada, onde ele bebericou e decidiu trazer a tona. 

A primeira tentativa veio através do grupo “Mattoli e os Guanabaras”, neste período ele misturou toda musicalidade brasileira e despejou através de cada faixa do primeiro álbum da banda.


Com muito trabalho árduo, a banda se destacou e participou de diversos programas de televisão, trazendo luz a esta mistura rítmica que no futuro, iriam lhe trazer a menção de um dos grandes expoentes desta cultura.

Tempos depois, Mattoli lança um álbum de nome “Balanço bom é coisa rara”, para o mercado ocidental neste período, ele aposta em seu trabalho solo e começa a se apresentar em diversas localidades em São Paulo e região.

Os anos 90 começam a chegar em seu trecho final e ele se reúne com um time de músicos que buscavam o resgate daqueles “esquecidos” bailes dos anos 70.


Surge em 1999, O Clube do Balanço que tem sua origem ligada diretamente a este “ode” aos bons tempos de bailes como os do: Club Homs, shows do grupo de som Os Carlos, Chic Show, Zimbabwe e a lembrança musical de nomes como: Carlos Dafé, Cassiano, Dom Beto, Ed Lincoln, Hyldon, Jorge Ben, Luiz Vagner, Tim Maia, Wilson Simonal entre outros…

O grupo é formado por: Marco Mattoli, Edu “Peixe” Salmasso, Fred Prince, Gringo Pirrongelli, Marcelo Malta, Reginaldo 16, Maestro Tiquinho e a dama Tereza Gama, o grupo ganha destaque nacional em seu primeiro álbum: “Swing & Samba Rock (2001) com participação especiais de: Bebeto, Erasmo Carlos, Ivo Meirelles, Luís Vagner, Marku Ribas, Max de Castro, Paula Lima, Seu Jorge e Wilson Simoninha. Em entrevistas na época a banda definiu este álbum como: “o fruto de uma feliz, divertida e inusitada formação de uma comunidade artística, a fim de redescobrir e revigorar esse tal de samba-rock”.


Este estilo arrojado de samba rock, revitalizando um ritmo tão visitado e explorado por diversos gêneros faz com que o Clube ganhe notoriedade e logo eles se tornam expoentes de um cenário novo. Mas Mattoli e seus parceiros de longa estrada tinham ciência de que a missão seria árdua, afinal de contas, o cenário do pop, samba e outros ritmos era voraz para a época. O Clube já havia lançado mais quatro álbuns: "Samba incrementado" (2004), "Pela contramão" (2009), "Menina da janela" (2014) e "Balanço da quebrada" (2019).


A maturidade acumulada nestes anos de estrada, os ensinamentos que a vida compartilhou com o passar dos anos, os fizeram entender que a sua musicalidade tinha que estar onde o povo está.

E qual seria o berço mais acolhedor de nossa sociedade?

Claro que é a periferia!

Assim, a banda que viajou mundo afora, caiu nos braços do povo e encantou a todos com diversos shows por várias comunidades de São Paulo.

O compromisso com seu público era mostrar a mesma sonoridade que os consagraram pelo mundo a estes que tanto consomem o produto Samba Rock.

O resultado foi a alegria e o sorriso no rosto de uma comunidade, que os abraçou, seja em casas distintas como o Blue Note ou na beira do campo do Clube Cruz da Esperança no Bairro da Casa Verde ao lado do apaixonado por música o Grande Walmir Bardo.

O Clube se conectou ao povo, encantou com os passos do Professor Moskito, da Ana Paula, do Nilton Shakila e das pessoas que dançaram e curtiram a sua infinidade musical.

“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”
Arthur Schopenhauer

Hoje neste fim do dia 08/08/2022, eu me despeço deste que me abriu caminhos infinitos através da música, em minhas redes eu publiquei recentemente que a música havia me salvado. Eu não tenho dúvidas, que a música não salvou apenas a mim, mas a muitos que são apaixonados por ela, pelo ritmo ou pela dança. Se hoje estou aqui nesta função de “contador de prosa e história” é por que um tal Clube do Balanço musicou a minha vida.

Marcos Mattoli apaixonado pelo samba, pelo samba rock, pelo seu Camisa Verde e Branco se encantou, foi se encontrar com o Mestre Dadinho, Luís Vagner e tantos outros menestréis da nossa musicalidade brasileira e para nós o que resta é a saudade. 

O Artista se vai, mas sua música se eterniza!

Transborde essa energia e genialidade ao lado destes nobres …

pois aqui iremos seguir … pela contramão!

Nestes “encontros e desencontros” estamos juntos meu irmão!

Axé!











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