MC Miele e o Rap do Tagarela

Quando penso na figura de Luiz Carlos Miele (1938 - 2015), não me vem à mente uma outra palavra além de "onipresença", tendo em vista a quantidade de trabalhos expressivos que realizou dentro do cenário artístico.

Seria um tanto quanto difícil enumerar neste artigo sua imensa trajetória, mas vale lembrar que foi parceiro de Ronaldo Bôscoli em uma série de trabalhos, foi um dos maiores entusiastas do que viria a se tornar o fenômeno Dzi Croquettes, apresentou o humorístico "A Praça da Alegria", foi diretor musical do programa "Fantástico", esteve à frente do polêmico "Cocktail"; enfim! Trabalhou muito, mas entre o ator, o diretor, o produtor, o empresário... também existiu o "rapper" Miele.

Antes de voltarmos ao nosso "MC" vale lembrar que a real origem do Rap é jamaicana, tendo nos Estados Unidos sido alçado ao status comercial que conhecemos e serviu de pilar para gêneros hoje amplamente difundidos, como o "Hip Hop".

Final da década de 70, o movimento Disco Music perdendo forças, mixagens com trechos de músicas conhecidas começam a ser criadas, sendo atreladas a rimas, onde, por um lado as palavras de ordem e discursos com forte teor político e social eram o foco, mas por outro, já havia também a galera da ostentação, que não é novidade; mas em comum tinham o ritmo contagiante.

E aqui no Brasil... Vamos voltar ao nosso personagem principal que no ano de 1980 se uniu a  Arnaud Rodrigues, conhecido por trabalhos humorísticos mas que também enveredava pelos lados da música, e eis que surge o que para muitos é o primeiro Rap brasileiro, o "Melô do Tagarela".

A música interpretada por Miele com direito a risadas, deboches e muitas críticas ao cenário brasileiro daqueles tempos; foi uma versão de "Rappers Delight", gravada pelo trio norte-americanos "Sugarhill Gang", sendo que a base para tudo isso foi a canção "Good Times" (Bernard Edwards / Nile Rodgers) do grupo de Disco Music "Chic", que inclusive representados na figura do guitarrista Nile marcaram presença esse mês no Rock in Rio.

Pronto! Falamos um pouco sobre... Não! Vamos tentar terminar de outra maneira:

"E assim fizemos, mais uma viagem
relatando hoje, causos desse personagem
Virando o Vinil e vendo o Rap no Brasil
Veja só o Miele, tudo fez e produziu..."

Valeu!