Supersônicas

Mônica Salmaso dilata os limites caipiras

por Tárik de Souza

quarta, 09 de agosto de 2017

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Embora paulistana, a cantora Mônica Salmaso não pautou “Caipira” (Biscoito Fino), o décimo primeiro álbum de uma carreira impecável, pelo limite geográfico. Nem mesmo confinou-se à ortodoxia do termo, ainda que o projeto tenha iniciado num espetáculo chamado “Casa de Caboclo”, em 2003, com material levantado pelo violeiro e pesquisador Paulo Freire.




Mônica parte de uma base instrumental onde se coadunam virtuosismo e sintonia com o clima agreste, formada por Teco Cardoso (produção e sopros), Nailor Proveta (clarinete e sax tenor), Neymar Dias (viola caipira e baixo acústico) e Toninho Ferragutti (acordeon), e apossa-se de outros territórios, ao regravar a rara Nana Caymmi autoral de “Bom dia” (com Gilberto Gil, concorrente do Festival da TV Record, de 1967), o farpado Cartola da ocorrência policial de “Feriado na roça” e o sucesso de Zeca Pagodinho, “Água da minha sede”, de seu discípulo Dudu Nobre e do baiano do Recôncavo, Roque Ferreira, também autor do fulminante “Baile perfumado”: “vi no céu dos olhos dela, por acaso/ um balão apagado”.

O mineiro Sérgio Santos fornece “Açude verde”, com Paulo Cesar Pinheiro (co-autor da faixa título ao lado de Breno Ruiz) e “Saíra”, da qual participa.

Primor de intimismo, o roteiro tem ainda as vozes em terças de Mônica e Rolando Boldrin em “Saracura três potes” (Candido Canela/ Téo Azevedo), a folk “Alvoradinha”, das Caixeiras do Divino do Maranhão, pontuada pelo djembê de Robertinho Silva, o clássico “Leilão” (Hekel Tavares/ Joracy Camargo, de 1933), o hino “Sonora Garoa” (Passoca), pavimentado pelo piano de André Mehmari, e a estupenda moda violeira/ cateretê, “Minha vida” (Carreiro/Carreirinho), adornada por improviso de Ferragutti e Neymar. 





Fonte da Imagem: http://bit.ly/2ft2w32, http://bit.ly/2vPYvga, https://glo.bo/2ftRRoV 

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